Deixem os Indígenas Guarani e Kaiowa viverem

Na comunidade indígena APYKA´I localizada em Dourados (MS) às margens da BR 463, sentido Ponta Porã, vivem cinco famílias sobreviventes dos Guarani e Kaiowa que nos últimos 25 anos passam por uma crise humanitária. Ha 14 anos estão acampados e já foram expulsos três vezes sendo forçados a perambular sem moradia e sem terra.

O Ministério Publico Federal considera o Mato Grosso do Sul como a “faixa de gaza brasileira” uma vez que a mortalidade entre os Guarani e Kaiowa, em especial por assassinato, atinge números mais altos do que em regiões de guerra. Segundo definição do Secretário Geral da Anistia Internacional é um “lugar onde os direitos humanos não existem.”

O latifundiário que rouba a Terra Indígena de APYKA'I não mora na região. O território de APYKA'I é arrendada para a Usina São Fernando plantar cana-de-açúcar. A usina tem uma dívida de 1,3 bilhão de reais – desses 530 milhões devidos aos bancos públicos que a financiaram e hoje tem quase 50% de suas ações nas mãos dos Emirados Árabes.

Enquanto esperam estudos e demarcação de sua terra ancestral, processos politicamente paralisados por determinação do Governo Federal, os Guarani e Kaiowa vivem como forasteiros em seu próprio chão, em não mais do que 4 ou 5 hectares. Bebem a água contaminada pelo veneno da cana e vão levando seus dias sem condição nenhuma de saneamento, em extrema miséria, fome e medo. Medo por viverem nas sombras e nas sobras de uma usina que arrenda sua terra para produzir etanol, e pelos diversos ataques que vem sofrendo ao longo das últimas décadas.

Nos fundos do pequeno acampamento tem cemitério. Ali foram enterradas crianças, vitimadas por atropelamentos criminosos na rodovia até idosos vitimas da sub vida e das inúmeras violações que pairam e repousam sobre APYKAI. Em 2009 um incêndio precedido de um ataque de 9 pessoas armadas ligadas a um grupo de segurança privada (GASPEN) fez com que o Ministério Publico Federal ingressasse com processo de co-responsabilização dos donos da Usina por tentativa de Genocídio. Não deu nenhum resultado concreto para a demarcação das terras indígenas.

Neste momento, julho de 2015, uma nova ordem de despejo vaiser cumprida. O Juiz Federal Fabio Kaiut Nunes, de Dourados, interpelando as tentativas humanitárias de acordos propostas pelo Ministério Publico Federal deixou a comunidade sem nenhuma possibilidade jurídica de defesa, fazendo valer exclusivamente a decisão de cumprimento de reintegração de posse. Só resta sua solidariedade.

As famílias Guarani e Kaiowa, que tem sua vida na APYKAI, decidiram que só deixarão seu tekoha (aldeia) mortos.Os povos indígenas gritam por socorro e pedem solidariedade. Saibam a história de Apykai visitando o site: http://campanhaguarani.org/apykai/

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Tags: Apyka'i

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