Mandi’ó era uma menina indígena muito magra e alta com mãos grandes e dedos compridos. Sofria com as brincadeiras da tribo, pois também não gostava de correr pela mata como as outras crianças.

Sua mãe dizia que uma dia criaria raízes e seu pai reclamava porque não ajudava sua mãe quando saía da aldeia para buscar frutas. Naquela época havia muita fome, pois seu povo não conhecia a agricultura, alimentando-se somente da caça, pesca e da coleta na mata. As mães e os filhos coletavam e os homens caçavam e pescavam.

Mandi’o envergonhada e triste com sua aparência não acompanhava a mãe nem os irmãos, sempre ficando no tekoha, aldeia, que seu pai construíra numa clareira. Um dia Tupã teve pena dela e lhe disse durante um sonho o que deveria fazer se quisesse ser importante para seu povo, dizendo que graças a ela todos poderiam se alimentar melhor. Só era preciso que um raio incendiasse uma parte da mata e abrisse uma clareira. Para lá ela deveria ir e cavar um pequeno buraco na terra onde enterraria seus pés. Feito isto, deveria pedir que seu irmãos voltassem no dia seguinte.

Mandi’o fez assim e no dia seguinte, quando seus irmãos vieram, encontraram uma planta até então desconhecida, muito verde, com quase dois metros de altura, grandes folhas em forma de mão e dedos compridos. Quando os irmãos cavaram a terra para desenterrar os pés, encontraram grossos tubérculos em seu lugar. Era a mandioca, planta originária destas terras, cultivada nas clareiras da coivara.

Desde então, as raízes de mandioca acompanharam os Guarani nas suas jornadas para o sul, garantindo-lhes o alimento. A planta também viajou com os Tupi para o norte e chegou até as Antilhas, onde recebeu o nome de yuca. Desde então, alimenta milhões de americanos.

A mandioca compreende mais de quatro mil variedades, sendo domesticada há mais de nove mil anos na região amazônica e disseminada por toda a América, inicialmente pelos Tupi-guarani.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

Córdova, F. Leyendas, mitos, cuentos y otros relatos guaraníes. Longseller, 2005.

 

IMAGEM:

Franco, Aline Iturve. Mandi’o. Dourados: Mandi’o Ypy, 2019.

Tags: da, lenda, mandioca

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