O tema de terra sem males está baseado em contexto indígena original e tem grande repercussão no mundo neocolonial do qual fazemos parte. À medida em que se extende a percepção de caminhamos para a destruição levados pelo nosso consumismo, destruição do meio ambiente e insensatez, a busca de terra sem mal aparece como uma utopia possível, uma vitória sobre as forças da morte.
A cultura guarani tem uma resposta frente ao sentimento trágico da vida. A primeira terra tornou-se má, teve de ser destruída e desapareceu. Porém, diante desta visão pessimista, há uma saída, uma ressurreição, expressa pela busca de terra sem mal, a Yvy Marane’ỹ. Os guarani não se deixou dominar pela calamidade e busca uma saída, um espaço futuro onde já existiu e que pode se levantar novamente. Há um dinamismo sócio-geográfico enraizado na memória de um caminho futuro sempre possível.
Esta é uma das lições do Mito do Gêmeos que caminham por vários lugares durante sua migração até tornarem-se quem eram, o Sol e a Lua, quando chegam, mediante a dança ritual, à casa do Pai, lugar de abundância de alimentos e plenitude da humanidade.
Este lugar é a terra sem males, que não é uma terra do céu, mas uma terra na terra, segundo Melià. Esta terra não é somente uma ideia religiosa, mas um projeto migratório de retomada ecológica e econômica.
SAIBA MAIS:
MELIÀ, Bartomeu (1997). O Impacto da Perda da Terra sobre a Tradição Kaiowá/Guarani: os difíceis caminhos da palavra. Tese. Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS).
NOTAS:
Tags: males, páscoa, ressurreição., sem, terra
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