TUPAC AMARU

Sousa, N.M.[1]

José Gabriel Condorcanqui Nogera nasceu em 19 de março de 1738 e passou para a história como Tupac Amaru II. Foi o líder da maior rebelião indígena da América pela emancipação em 1780, em Tungasuca, Cusco, Perú.

Sua rebelião se espalhou por 24 províncias do país. Na rebelião morreram 100 mil indígenas e 200 mil soldados do exército real em Sangarará. Ainda assim, o inca revolucionário foi capturado e obrigado a presenciar a tortura e o assassinato de seus aliados, amigos, filhos e esposa. Foi assassinado em 18 de maio de 1781 aos 43 anos.

Antes de morrer esquartejamento amarrado a cavalos, Tupac Amaru II conseguiu gritar: voltarei e serei milhões. Depois foi decapitado. Outro rebelde americano, o venezuelano Francisco de Miranda, destacou as relações de Tupac Amaru com a coroa britânica.

Atualmente, muitos partidos e movimentos políticos tem mencionado o nome e a memória do líder indígena, devido ao seu pensamento patriótico, soberano, rebelde e valente. Entre os movimentos, mencionam-se o Movimiento Revolucionario Tupac Amarú da Venezuela e a Organización Barrial Túpac Amaru da Argentina, liderada por Milagro Sala, preso desde janeiro de 2016.

Tupac Amaru II foi pioneiro em pedir a liberdade de toda a América hispânica em relação ao monarca para libertar os indígenas de diversas formas de exploração como as mitas, o confisco de mercadorias e trabalhos obrigatórios. Declarou o fim da escravidão negra pela primeira vez na América (16 /11/1780). A partir então a Espanha aumentou ainda a repressão contra os índios com medo de que houvesse outra rebelião.

José Gabriel Condorcanqui era filho de Miguel Condorcanqui e Rosa Noguera. Devido à sua origem na nobreza incaica, estudou no colégio jesuíta de São Francisco de Borja, o colégio dos caciques de Cusco. Dominava a língua Quéchua, espanhol e latim. Foi leitor do Comentário Reales del Inca, de Garcilaso de Veja, as Siete Partidas de Alfonso el Sabio, A Bíblia, o drama quéchua Apu Ollantay, além de textos de Voltaire e Rousseau, proibidos no Peru naquela época.

Casou-se com Micaela Bastidas Puyucahua e teve três filhos: Hipólito, Mariano e Fernando. Algum tempo depois de casado foi nomeado cacique dos territórios que lhe correspondiam por herança. Fixou residência na cidade de Cusco, de onde viajava constantemente para administrar suas terras. Devido à prosperidade econômica, passou a sofrer pressão das autoridades espanholas da bacia do Rio da Prata, que desejavam o monopólio de transporte mineral pelo alto Peru e obrigaram Condorcanqui ao pagamento de tarifas que se estendiam aos demais indígenas.

Embora vivia a condição de curaca, mediados entre o corregedor e os indígenas, viu-se afetado com os demais indígenas pelas tarifas aduaneiras e bareiras comerciais que barravam o livre trânsito entre Tinta, Cusco e Lima. Suas petições foram ignoradas pelas autoridades espanholas e, mesmo com um processo judicial em Lima, sua linhagem inca não foi reconhecida.

A alternativa de Condorcanqui iniciou-se em 1780, adotando o nome de Tupac Amaru II, em honra de seu antepassado o último inca de Vilcabamba. Tupac Amaru II declarou-se “inca rei do Peru, Santa fe, Quito, Chile e Buenos Aires, senhor do Paititi e comissário distribuidor da graça divina”.

Inicialmente a revolta foi contra o governo dos corregedores, reconhecendo a monarquia espanhola, mas aos poucos o movimento redicalizou-se declarando a independência.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

Flores Galindo, Alberto. Túpac Amaru 1780. Antología. Lima: Retablo de Papel, 1976.

IMAGENS:

Tupac Amaru II. Museo Nacional de Arqueología, Antropología e Historia del Peru.

José Gabriel Túpac Amaru. Monumento atual em Cusco na praça de mesmo nome.

[1] Doutor em educação pela UFSCar. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com

Tags: amaru, tupac

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