O Tangará Grande é um passarinho grande de cor preta e que na cabeça possui penas avermelhadas muito bonitas. Ele vive nas áreas alagadas. É um pássaro que não tem paradeiro. Ele segue o banhado e viaja muito longe, mas com o tempo ele volta e passa novamente por onde o encontrou.
O pássaro Tangará serve para que o homem seja atraente. Quando alguém quer utilizar dos poderes deste pássaro, antes de caça-lo deve fazer um pedido para ele. É preciso contar o motivo pelo necessita dele. Somente depois de feito isso é que o bodoque deve ser usado. Após abatido, retira-se a parte vermelha do pássaro que deverá ser carregada junto de si para se tornar atraente para as mulheres, segundo relato coletado pelo kaiowá Aniceto Ribeiro.
O ancião Aniceto contou que o homem com este encantamento estiver no meio de muita gente e as mulheres ouvirem o som de sua voz, elas vão procurá-lo para ficar ao seu lado. Segundo o alerta do ancião aos mais jovens, os homens que usavam esta simpatia não tinham paradeiro, não tinham uma casa para morar e tinham dificuldade para permanecer com uma parceira.
O Tangará tem também um canto em sua homenagem que foi registrado pela professora Maria Cecília Barbosa Kerexu:
Tangará ka’aru nhaguõ,
tangará ka’aru nhaguõ,
Ojeroky, ojeroky,
Onhembo jerejere, Onhembo jerejere,
Opo`opo`opo`opo,
guyrõ guyrõ, guyrõ guyrõ.
Tangará ao entardecer,
tangará ao entardecer,
E ele dança e ele dança
E ele gira e ele gira
e também pula, pula
e mergulha e mergulha.
Entre os guarani Mbya, a dança deste pássaro faz parte da preparação do guerreiro, pois torna os corpos ágeis e deve ser praticada pela manhã, segundo Xeramoi Macimino. A dança deste pássaro também é praticada para fazer pedido de casamento e imita os movimentos ágeis e leves deste pássaro.
O Tangará é sagrado, pois é mensageiro de Nhanderu que trouxe a dança para preparar os guardiões da comunidade desde o início do povo guarani, praticada ao amanhecer e anoitecer.
REFERÊNCIAS E FONTES:
KEREXU, Maria Cecília Barbosa. A VIDA DO PÁSSARO, O CANTO E A DANÇA DO TANGARÁ. Florianópolis: UFSC, 2015.
RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Tangara Gwasu. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2001.
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