“Tamoio sou, Tamoio morrer quero

E livre morrerei. Comigo morra

O último Tamoio; e nenhum fique

Para escravo do luso. A nenhum deles

Darei a glória de tirar-me a vida.”

Assim escreveu Gonçalves de Magalhães de 1856 sobre a Confederação dos Tamoios. O poema narra a história de Aimberê, o herói que prefere a morte à escravidão. Este foi o desfecho da longa guerra que terminou com o tratado de paz de Iperoig. Mem de Sá estava velho e cansado, voltou à Bahia e enviou o sobrinho, Estácio de Sá, para Portugual. Os Tamoio ampliaram seus ataques para o litoral sul a ponto dos moradores da Vila de Piratininga saírem às ruas flagelando-se por seus pecados na escravização dos índios, esperando que Deus os perdoasse, contou o jesuíta Simão de Vasconcelos na biografia de José de Anchieta. Os jesuítas Nóbrega (São Vicente) e Anchieta (Piratininga) entraram em cena e foram até Ubatuba (Iperoig) para negociar uma trégua com o cacique Koakira. Aiberê, do Rio de Janeiro, queria a morte de todos os Peró, mas Koakira, era mais tolerante, exigindo o fim da escravidão. Aimberê odiava os avaré, pois sabia que eles colaboravam com os portugueses, facilitando-lhes de tudo. A paz foi selada em São Vicente e a guerra retornou em 1567 contra a aldeia de Urusu-Mirim, na atual Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, agora sem o apoio dos Tupi de Piratininga. A aldeia Urusu-Mirim, mesmo tendo armas, sucumbiu após a explosão acidental de um barril de pólvora no dia 20 de janeiro. Milagre de São Sebastião, segundo os portugueses. Os ataques seguiram para as outras aldeias: Paranapuku, na Ilha do Governador, terra do cacique Marakajá. Após sangrento combate, os sobreviventes refugiaram-se em Cabo Frio, junto do cacique Japuguasu. Alí resistiram oito anos. A aliança entre o governador Antônio de Salema e o capitão-mor de São Vicente, Jerônimo Leitão, levou os Tamoio a renderem-se em 26 de setembro de 1575 com a promessa de que não seriam mortos. Seria o final desta história, mas como era de se esperar, os portugueses não cumpriram sua palavra. Executaram mais mil prisioneiros e levaram os que restaram como escravos para as fazendas de Santos e São Paulo. O suicídio de Aimberê e o desaparecimento dos sobreviventes foi a conclusão da Paz de Iperoig. Sabedores de quem são os peró, os índios resistentes não estão surpresos com as promessas do governo de que índios não terá nenhum milímetro de terra e que as áreas já demarcadas serão revistas. Que o passado-presente genocida não se repita!

Tags: Aimberê, Tamoio

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