E o Tamanduá também cometeu algum erro com a onça? Estas histórias antigas eram narradas pelos mais velhos, principalmente aos meninos, mas não sabemos se de fato ocorreram, de acordo com Aniceto Ribeiro.
Contam que a Onça fez uma aposta com o Tamanduá que, se perdesse o jogo, seria devorado pelo Jaguarete. Os dois se encontram pelo caminho e andaram juntos até chegar a um cupinzeiro (tacuru) na beira da estrada. A onça propôs o desafio: vamos subir neste cuprinzeiros fechar os olhos e fazer cocô. Quem conseguir expelir até os ossos vence o desafio. O Jaguaretê sabia que o Tamanduá nunca expeleria ossos, pois comia apenas formigas e o Kagwaré, que não tinha mais como fugir do Xipoka’y, aceitou o desafio.
A onça estava segura que seu cocô teria somente ossos e que ganharia facilmente do Tamanduá. Subiram cada um num cupinzeiro, fecharam os olhos e começaram a competir.
A onça pensou que o Tamanduá estive com os olhos fechados, mas seus olhos são muito pequenos e enganou o Xipoka’y. A onça confiante, que so comia outros bichos, fazia cocô puro osso e o do Tamanduá tinha apenas restos de formigas e cupim.
O kaguare que tinha os olhos abertos pegava no seu cocô e colocava embaixo da onça, pegando as fezes da onça e coloca embaixo de si. Ele fazia isso com os pés. Depois que terminaram, abriram os olhos e ainda ficaram um tempo conversando antes de conferir as fezes. A onça olhou bem o próprio cocô e viu que só tinha resto de cupim e o do Tamanduá era feito somente de ossos.
O Kagware ganhou a aposta. Os dois desceram e foram andando juntos ainda pelo caminho. A onça ainda não tinha desistido de almoçar o Tamanduá e propôs: - vamos nos erguer um ao outro? O Tamanduá disse para a onça que a ergueria primeiro. Ele ergueu a onça nas costas e a levou pelo caminho.
Pouco tempo depois, os dois chegaram perto de uma grande moita de unha-de-gato. Quando estavam passando embaixo dos espinhos, o Tamanduá disse para a onça: - vamos fazer uma aposta. Que tal jogarmos nossos olhos no meio destes espinhos para ver qual deles cai mais rápido de volta? A onça aceitou, desde que o Tamanduá fosse o primeiro. Ele jogou um olho e logo caiu de volta e depois jogo o do outro lado que também caiu rapidamente. Quando a onça jogou o primeiro olho, ele ficou enroscado, pois seu olho era maior. O Tamanduá disse: - jogue o outro para derrubar o que ficou enroscado e a onça tirou o segundo olho e jogou, mas este também ficou enroscado no espinho. Enquanto procurava os olhos, o Kagware conseguiu escapar.
A onça pediu ajuda para a todos os que passavam na estrada que a ajudasse a recuperar seus olhos. O Nambu ajudou a onça, fazendo outros olhos para ela. Depois que ela recuperou a visão, estava furiosa e queria devorar o Tamanduá de qualquer jeito e ele sabia disso.
Quando os dois se encontraram na mata, o Tamanduá tomou a iniciativa e disse: - compadre, que tal erguermos um ao outro? Desta vez, a onça quis sera a primeira e ergueu o Tamanduá em suas costas. Estavam andando e o Tamanduá reclamou: - compadre, vamos mais depressa! A onça achou ruim e começou a pular para derrubar o Tamanduá e este, com medo de cair, apertou as unhas com mais força no peito da onça e a partiu ao meio. Esta é a história do Tamanduá e da onça. Aipopeve.
REFERÊNCIAS E FONTES:
GUARANI, Professores. Guarani Rembi’uete. Paranhos (MS): ASIE, 2019.
RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Jaguarete ha kagware. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2001.
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