Quando os europeus chegaram às Américas, causaram tanta morte e doenças que mudaram o clima global, segundo um estudo da University College London (UCL), noticiado pela CNN.
Este estudo lembra uma pesquisa de campo mais antiga realizada pelo primeiro sacerdote ordenado na América, Bartolomeu de las Casas, testemunha ocular deste encontro em que colonos europeus mataram 56 milhões de indígenas em 100 anos nas Américas do Sul, Central e do Norte. O resultado da matança foram grandes áreas agrícolas abandonadas. O aumento de árvores e vegetação em uma área do tamanho da França resultou em uma queda maciça de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, de acordo com o professor Mark Maslin. Esta mudança foi o suficiente para resfriar toda a Terra em 1610. Colombo chegou em 1492 e Bartolomeu de las Casas em 1502.
Antes deste estudo do prof. Mark Maslin, alguns cientistas argumentaram que a mudança de temperatura nos anos 1600, chamada Pequena Era do Gelo, era causada apenas por forças naturais, mas combinando evidências arqueológicas, dados históricos e análises de carbono encontradas na Antártida, os pesquisadores da UCL mostraram como o reflorestamento - diretamente causado pela chegada dos europeus - foi um componente chave do frio global, disseram eles. Pela primeira vez, conseguimos perceber que a única explicação para esta Idade do Gelo ser tão intensa foi causada pelo genocídio de milhões de indígenas, disse Maslin à CNN.
A conquista da América e o genocídio indígena não era legítima, mesmo sendo defendida pelos homens bons de 1540 que para resguardarem seus negócios recorreram até às teses de Aristóteles, disse Las Casas à Corte. Para o antigo aventureiro, convertido em dominicano, o imperador espanhol não poderia ser considerado dono das propriedades e dos índios, mas somente seu governante político, portanto, as nações indígenas deveriam ter autonomia e, como súditos, deveriam receber proteção, denunciando a guerra e a violência dos conquistadores.
Os pesquisadores modernos, para comprovar sua tese do inverno genocida, analisaram o gelo antártico, que retém o gás atmosférico e pode revelar quanto dióxido de carbono estava na atmosfera há séculos. Um deles, Alexander Koch, conseguiu provar que a queda de gás carbônico em 1610 foi causada pela terra e não pelos oceanos em cerca de um décimo do grau no século 17, o que levou a invernos mais frios, verões gelados e colheitas fracassadas.
Segundo os professores, as mortes de indígenas americanos contribuíram diretamente para o sucesso da economia europeia e a expropriação dos recursos naturais e alimentos enviados do Novo Mundo ajudaram a população da Europa a se expandir, liberando parte da população europeia de cultivar o próprio sustento, começassem a trabalhar em outras indústrias para poupar dinheiro.
O despovoamento das Américas permitiu aos conquistadores europeus dominar o mundo mediante a Revolução Industrial. Cientes disto, seus sucessores estão de olho nas terras que restaram aos índios sobreviventes, pois são ricas em minérios, água e muito férteis. Será preciso recorrer novamente a Las Casas e aos desenhos de Poma de Ayala para ilustrar todos os perigos que correm os direitos indígenas.
REFERÊNCIAS E FONTES:
LAS CASAS, Bartolomé. Brevísima relación de la destrucción de las Indias. 1572.
AYALA, Felipe Guamán Poma. Nueva Coronica y Buen Gobierno. 1615.
MASLIN, Mark. Anthropocence. Inglaterra: The Guardian, 2019.
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