A narrativa épica dos gêmeos possui um episódio em que o Pai do Sol e da Lua, Nhanderuvusu, realiza em sua casa uma grande reunião para escolher o sucessor de Pa’i Arakurá e futuro luzeiro de toda a terra.
Antes de Kwarahy iluminar o dia com o brilho de seu Jeguaka, a terra era iluminada por Pa’i Arakurá. Nhanderuvusu procurava um substituto, mas os gêmeos não foram convidados para o concurso e descansavam nos fundos da casa de seu pai, Nhanderu.
Eram muitas os seres divinos que foram reunidos no quintal (okara) da oka de Nhanderu. Eles já sabiam quem seria o Sol, pois cada um tirava parte de seus enfeites e lançava ao céu, mas a luz não permanecia e a escuridão logo tomava conta da terra e os animais que habitam as trevas como Guaruje, Mbopi Karu e Ambere Guasu já ameaçavam devorar os seus moradores.
Todos os visitantes já haviam tentado o teste, mas nenhum havia conseguido. Os jovens Kwarahy e Jasy estavam sentados no terreiro matando piolhos. Depois, o irmão mais velho, Tyke’ýry, disse ao mais novo, Tyvýra, para irem descansar no coqueiral (pindoty). Os irmãos foram descansar enquanto o Nhanderu devolvia os pertences dos convidados que não permaneciam iluminando o céu.
Pa’i Arakurá voltou novamente com seu filho, Pa’i Arakurá Mirῖ, que iluminava a noite. Ele já sabia que o Kwarahy seria o dono do brilho do sol (kwarahy járy) e Jasy o dono do brilho da lua.
Pa’i Arakurá foi perguntar para a cruz que fala, Xiru Kurusu Nhe’ẽngatu, pois não havia sobrado mais nenhum candidato para assumir o seu lugar. Ele ficou sentado em frente ao altar sagrado, Yvyrá Marangatu.
Somente depois disso Nhanderuvusu foi perguntar à mãe, Há’i, onde estavam os dois irmãos. Ela repondeu que os dois estavam no coqueiral descansando e o pai, Nhanderu, disse que se realmente fossem filhos seus, seriam capazes de iluminar todos os seres do dia e da noite.
REFERÊNCIAS E FONTES:
SOUZA, Andreza. O Mito dos Gêmeos. Ano XV. N. 82. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2000. P. 150.
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