Os mitos indígenas expressam os fundamentos da vida social e revelam como a ordem, o mundo, levantou-se sobre a desordem, o caos. A criação de tudo o que existe a partir da escuridão mediante a bondade e sabedoria que acompanham o criador, Nhande Ramõi Jusu Papá.
De acordo com o Mito dos Gêmeos, narrado pela kaiowá Rosalina Medina (Amambai, MS, 1970), o Sol e a Lua procuravam um meio de destruir as onças, Jaguaretê, que devoraram sua mãe. Quando tinham dois ou três dias de vida, já caçavam passarinhos, mas a velha onça, Jaguaretê, o cachorro verdadeiro, não queria que fossem caçar muito longe, especialmente no lugar onde os pássaros falam, gwyra nhe’ẽngatu ambapy. A onça sabia que se os gêmeos fossem até lá, receberiam informações corretas.
A arma de caça do Sol era o gwyrapía, arco de bodoque, e seu irmão, a Lua, usava a flecha, hu’yvatî. O arco era feito de uma madeira chamada mbavy ou kambari’y. o arco e a flecha era decorados com penas de Kanindé, Arara, e lorito, o papagaio. Usavam dois tipos de arcos. Um para passarinho pequeno, o gwyrapapé, bodoque, e o outro para pássaros maiores, gwyrapiá.
Quando o Sol e a Lua foram caçar, eles pegavam as folhas secas do chão e as jogavam para cima na direção em que entrariam na mata, porque eram estas folhas que se transformavam em passarinhos. Se não espalhar a folha seca, você não acha passarinho, explica a sra. Rosalina Medina. É por esta razão que quando há muito vento, os caçadores não encontram os pássaros.
REFERÊNCIAS E FONTES:
MEDINA, Rosalina. Mito dos Gêmeos. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2000 (1970).
NOTAS:
Tags: ambapy, gwyra, gwyrapapé, gwyrapía, hu’yvatî, medina, nhe’ẽngatu, rosalina
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