Depois de se vingarem do diabo Anhã e o prenderem na caverna dos ventos, os irmãos Pa’i Kwará e Jasy seguiram caminhando pelas matas e criando os animais, completando a obra seus antepassados, Nhanderu e Nhanderamõi, o pai e o avô.
A primeira pessoa que ouviram foi o Nambu. O barulho de sua voz era kwi, kwi, kwi. A Lua tremeu de medo, rezou e disse: - agora será o meu fim. Os dois seguiram adiante e encontraram o veado que não queria dividir o fogo com eles, mas o sol soprou forte para acender as brasas à meia noite e o veado, assustado, fugiu. O Sol brilhou e disse para ele: - seja como o veado pardo para ser comida da onça parda. Neste momento já foi caçado pela onça que saltou sobre ele.
Depois continuou sua caminhada, fez muitos bichos e continuaram andando. Encontraram o pica-pau novamente e depois de cruzarem por ele, chegaram à casa da Cutia Akuti. O Sol sabia que já estava próximo à casa de sua mãe. A casa das cutias ficava próximo de uma roça. Quando chegaram, a cutia estava almoçando. Ereikovê, Paî? Como estão vivendo, meus amigos?, perguntou o sol. Aikovê, eju nharambosa, he’i Akuti. Estou bem, vamos almoçar, respondeu a cutia.
A cutia estava comendo milho assado, mas era roubado porque não tinha roça. Em sua casa havia milho, mandioca e batata aos montes. De onde trouxe tudo isso, perguntou Pa’i Kwará. Aqui perto tem uma roça de onde sempre trago, disse a cutia. Eu quero ver o lugar onde tem muitas plantas, disse Pa’i Kwará. A tarde foram os dois para ver a roça. Quando chegaram lá, a cutia disse: - eu vou ficar aqui. Talvez para roubar mais milho, pensou Pa’i Kwará. Aquela é a estrada que vai para a casa do dono da roça, disse a cutia.
O Sol andou um pouco mais e ouviu ki, ki, ki. Era a Coruja. Vamos chegar, venham jantar, convidou. Estava comendo grilo sapecado, pois este era o seu peixe. O Sol recusou, mas abençoou seu alimento. Onde pesca os seus grilos, perguntou o Sol. Dali, onde mora uma mulher que sempre me diz a mesma coisa: - coruja feia, de olhos grandes, meu filho que tenho saudade nunca vem me ver. Pa’i Kwará já sabia que era sua mãe e naquela noite voltou com a coruja à casa de sua mãe.
REFERÊNCIAS E FONTES:
AQUINO, João. Mito dos Gêmeos. Tradução de Aniceto Ribeiro. Compilado por Wilson Galhego Garcia. Araçatuba: Faculdade de Odontologia, 1975.
Kaiowá da Terra Indígena Panambizinho, Professores, Alunos e Mestres Tradicionais. Pa’i Chiquito Karia’y Ramõgwarê. Dourados/MS: Ação Saberes Indígenas na Escola, MEC/UFGD, 2018.
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