Quem diria que até o convencido Jaguarete teve um professor. Seu único e último mestre foi o gato, Mbarakajá, mas como costuma acontecer nessa profissão, ao término do curso, a onça também tentou devorá-lo.

Os guarani da região de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, aldeia Pirajui e Potrero Guasu, relataram a ingratidão do Jaguaretê para com seu professor, o gato Mbarakajá.

São eles que relataram que o poder sobrenatural do Jaguaretê vem dos sete rezadores, opurahéiva, ojerokúva, que ele devorou. Sua última vítima tinha um aprendiz, Yvyra’ija, gato ou Chiví Guasu. Para ampliar seu poder e provar sua força, o Jaguaretê foi atrás do Mbarakajá.

Na região do Saverá, Aldeia Te’ýikue, o professor Jackson relatou que o Jaguarete foi à casa do Mbarakajá e pediu que aceitasse ser seu professor de artes marciais indígenas, o sambo ou je’i. A arte de defesa do guerreiro para desviar dos golpes inimigos tem os golpes de defesa sempre inspirados nos movimentos dos animais.

A aula de sambo começou bem cedo e o gato ensinou os desvios de muitos animais ao jaguaretê que aprende os golpes. Ao fim da aula, o Jaguarete diz que voltaria no dia seguinte, seguro que tinha aprendido toda a técnica do ágil Mbarakajá. A onça já tinha em mente um plano para devorar o Yvyra’ija e absorver o seu poder. Voltou bem cedo quando o professor estava tomando mate e salta sobre ele, mas o gato salta para trás e escapa do Jaguaretê com um desvio que ele não conhecia.

Assim, por não ensinar toda a sua técnica à Onça é que o Mbarakajá salvou a própria pele e vive até hoje sendo perseguido pelo Jaguarete. Por esta razão, o gato, ao fazer suas necessidades, sempre as enterra para não ser farejado pelo aprendiz traiçoeiro, Sa Para.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

VILHALVA, João. Jaguaretê. Caarapó: Terra Indígena Teý’ikuê, 2019;

 

NOTAS:

  1. Pesquisa e organização: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação pela UFSCar e pesquisador na FAIND/UFGD. Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem finalidade educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue a forma das fontes consultadas.
  4. Metadados: Jaguarete, Mbarakaja, Yvyra’ija, Chiví Guasu, Te’ýikue, Caarapo, Pirajui, Potrero Guasu. IMAGEM: SEAM. Mbarakaja. Paraguay, 2019.

 

Tags: Caarapo, Chiví, Guasu, Guasu., Jaguarete, Mbarakaja, Pirajui, Potrero, Te’ýikue, Yvyra’ija

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