Esta é a história do passarinho conhecido como Bendito Seja, Gwyra Ipoxy Va’ekwe. Ele tinha plantado uma grande roça, mas veio a geada e destruiu toda a sua plantação.
Este pássaro ficou muito bravo e não sabia com quem reclamar. Passou um inteiro pensando e assim passou muito tempo até chegar a uma conclusão. Decidiu até onde morava a geada e perguntar para ela quem a autorizou matar a sua roça.
O passarinho já estava passando muita fome e foi parar na casa da geada. Chegando lá, ele perguntou: - você tem poder? Foi por isso que matou minha roça?
A geada respondeu: - eu não tenho poder, mas o Sol tem poder.
O passarinho foi atrás do Sol. Passou a procurá-lo. Andando desse jeito, nem comia mais até descobrir tudo o que acontecia com o Sol.
E o passarinho voou até onde estava o Sol e perguntou: - eu vim aqui para saber se você tem poder de verdade porque você é capaz de derreter a geada.
O sol respondeu: - eu não tenho poder, mas há alguém com mais poder que eu. As nuvens são mais poderosas e me dão sombra. Vá até onde as nuvens estão.
E o passarinho foi até as nuvens, pois já havia começado e que ir até o fim da jornada em busca de uma explicação. Por isso ele saiu e foi procurar as nuvens. Quando chegou onde estavam as nuvens, perguntou: - eu vim aqui, pois fiquei sabendo que você tem um grande poder. Você atrapalha a luz do Sol. Nde remo’ã pe kwarahy.
As nuvens disseram: - não temos poder, mas o vento é mais forte que nós. Ele nos desmancha.
O passarinho foi atrás do vento. Na casa do vento, perguntou: - eu vim aqui vento. Dizem que você tem poder e desmancha a nuvem.
O vento respondeu: - eu não tenho poder, mas a casa tem poder, porque ela não deixa eu entrar. O passarinho tinha voado para o alto à producra de solução, mas quando disseram que a casa era mais forte, o passarinho voltou para a terra para saber o que a casa responderia para ele.
Desceu e procurou a casa. Chegando onde ela morava, perguntou: - eu vim aqui casa, fiquei sabendo que você tem poder, porque você não deixa o vento entrar em seu interior.
A casa respondeu: - eu não tenho poder, mas há alguém mais poderoso que eu. O rato é mais poderoso que eu, pois ele rói a casa. O passainho saiu dali. Agora estava mais fácil, pois estava na terra. Foi até o rato e perguntou: - dizem que você tem poder porque rói a casa. O rato respondeu: - o gato é mais poderoso que eu, pois ele me caça.
O passarinho foi à procura do gato e perguntou: - dizem que você é poderoso. Por quê? Perguntou o gato. Porque você caça o rato. Eu não não tenho poder, pois a espingarda me mata, respondeu o gato.
O passarinho foi à casa da espingarda e perguntou: - dizem que você tem poder e mata o gato. A espingarda respondeu: - eu também não tenho poder, mas os ferreiros têm poder porque eles me fazem.
O passarinho foi atrás dos ferreiros e os interrogou: - dizem que vocês têm poder porque fazem a espingarda. O ferreiro respondeu: - eu também não tenho poder. Quem é mais poderoso que eu é Nhandejara, porque ele me deu inteligência para fazer a espingarda.
O passarinho ficou triste porque tinha de voltar ao céu e sua fome já estava nas grimpa. Quando encontrou Nhandejara, perguntou: - dizem que você é poderoso, pois ensinou os ferreiros a fazerem espingarda e por isso vim aqui. Nhandejara respondeu: - sou poderoso de verdade. Pode voltar e comer. O passarinho voltou satisfeito porque encontrou quem deu comida para ele. Ha upepe opa.
REFERÊNCIAS E FONTES:
Professores Terena de Dourados. Turí ne Terenoehiko. Dourados/MS: Ação Saberes Indígenas na Escola, MEC/UFGD, 2018.
RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Guyra ipoxy va’ekwe. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2001. p. 366.
NOTAS:
Tags: gwyra, ipoxy., nhandejara
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