As pedagogias indígenas utilizam muitos recursos, entre eles o uso de contos, fábulas e narrativas engraçadas para transmissão de saberes. Uma destas histórias conta o encontro do lobo faminto e do touro.
Dizem que o lobo (Agwará) estava andando à procura de comida, pois estava passando fome e viajava muito longe para encontrar comida e ainda assim não encontrava alimento, pois era o mês (jasy) do karu vai (falta de comida).
Já cansado e faminto, o logo resolver sentar um pouco à sombra de uma árvore. Depois de descansar, voltou a caminhar até que avistou de longe um touro que estava deitado. O lobo Gwara pensou consigo mesmo: vou chegar onde aquele touro está deitado. Pode ser que ele tenha comida para me dar. Foi andando e chegou onde estava o touro.
- Mba’eixapa, como está indo? Disse ao touro.
- Iporã, respondeu o Touro. Estou bem.
– Egwapy, senta, disse o touro. E o Agwara sentou-se.
O lobo ficou olhando e viu que touro tinha dois pães. Pensou: vou esperar o touro levantar e vou comer estes pães.
Depois de conversarem, o touro levantou e desceu para beber água numa baixada, mas o pão que o Agwará viu foi com o touro. Então o Agwará disse: o touro amarrou o pão em si. Os pães estavam pendurados no touro. O Agwará seguiu o touro na esperança de que a cordinha arrebentasse e os pães caíssem da cintura.
O lobo andou muito atrás do touro, mas os pães não caíram. Com muita fome, falou ao touro: - dê para os dois pães que você tem, estou com fome.
- Eu não como pão, apenas capim. De que pão está falando? Disse o Touro.
- E estes coisas que estão penduradas na sua cintura, disse o Lobo.
- Ah, isso que você está vendo, eu não posso te dar, pois são meus testítulos, disse ao Agwará. Pea xe ndaikatu ndevy, pe va’ema xe ra’ỹi ae he’i agwaráge.
Este engano quase matou o touro de fome.
REFERÊNCIAS E FONTES:
PIRES, Dedimar. Guarani Mombe’upy. Tekoha Potrero Guasu (MS): ASIE/SEMED, 2019.
RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Agwara ha toro. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2001. p. 118-119.
NOTAS:
Bem-vindo a
Laboratório de Pesquisas em História e Educação Indígena
© 2025 Criado por neimar machado de sousa.
Ativado por