O pai do Sol, Nhanderu, foi picado por uma das serpentes de Nhumbairé, o dono das cobras, e morreu quando a esposa (Ha’i) estava grávida. Em meio à tristeza, a esposa, aconselhada pelos filhos, Sol e Lua, começou uma jornada para onde o Pai (Hiu) estava.
Após o Sol reviver o seu irmão, Jasy, destruído pelos Anhã, eles caminharam até a casa do Yrutau. O Yrutai gostou do irmão menor, Tyvýra, e o Sol deixou ali o seu irmão. - Vou deixar meu irmão menor contigo e quando eu voltar vou pegá-lo. Não deixe de alimentá-lo, disse o Pa’ikwara ao antepassado dos Yrutau.
Depois disso foi para a casa da Coruja (Yrukue’a). O Sol foi chegando à casa da coruja e perguntou: - o que está fazendo, meu amigo? Mbava’e katu erejapo paῖ he’i ixupe?
– Estou torrando uns peixinhos para comer com farinha, respondeu a Coruja.
Antes que o Sol fosse embora, a Coruja disse: - bem aqui perto, há uma casa muito grande. O Sol já sentia que estava chegando perto da casa de sua mãe. A coruja continuou contando: - eu não sei porque quando faço barulho perto da casa, uma mulher lá dentro sempre diz “xiu”. Sinto muita dor com saudade de meu filho. O Sol já sabia que se tratava de sua mãe e seguiu rápido o seu caminho até chegar à casa da avó das cutias.
A cutia estava fazendo comida de abóbora. Quando Pa’ikwará chegou, perguntou: - o que está fazendo, meu amigo. Mbava’e ere hexa paῖ he’i ixupe.
A Cutia respondeu: - xe kiveve ojapo aikovy, he’i akuti. Estou fazendo a minha comida. Bem aqui perto tem uma roça muito grande (kokwe rusu). Quando a Cutia disse isso, o Sol brilhou (overá) para ela e Cutia já correu transformada em cutia e dizendo ke, ke, ke. O Sol disse que ela viveria como na terra como cutia (akuti).
Depois disso, o Sol voltou à casa da Coruja. Yrukure’a confirmou a história da grande casa e da mulher que lá morava. O Sol e a Coruja foi até lá e a Coruja fez barulho de novo e lá dentro uma voz feminina disse: - a dor maior, Coruja, é a saudade de meu filho. É realmente a minha mãe, pensou o Sol. – faça barulho de novo na porta, Coruja. A Coruja assim fez e a mulher falou: - a dor maior é a saudade de meu filho. Hasy ai katu xe memby rexanga’u yrukuse’aῖ.
O Sol então disse: - abra a porta mamãe. A porta abriu e o sol trouxe uma vasilha grande (nha’ẽgwasu) para guardar as suas lágrimas. A mãe armou a rede de resguardo que tinha feito para o seu filho, enquanto o aguardava. Upei ombogwejy ixupe kyha, kyha jakoaku ojapo va’ekwe omemby renonde.
Onde está o seu irmão mais novo? Perguntou a mãe. O Sol disse que tinha deixado o irmão olhando para um rio. Depois disso, a mãe deu um arco novo (gwyrapa pyahu), um enfeite novo (jegwaka pyahu), um xiripa, um poxito, feito de algodão (madyjugwi). Fiz para você e para seu irmão. Volte buscá-lo.
Ko va’e ndevy gwarã, ko va’e nde ryvy pe gwarã he’i ekwa jevy tereru nde ryvy he’i ixupe.
REFERÊNCIAS E FONTES:
SOUZA, Andreza. O Mito dos Gêmeos. Ano XV. N. 82. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2000. P. 150.
NOTAS:
Tags: (Coruja), (cutia), (irmão, (mãe), (roça, (vasilha, Hai, Yrukure’a, akuti, grande), Mais...kokwe, mais, nha’ẽgwasu, novo), rusu, tyvýra
Bem-vindo a
Laboratório de Pesquisas em História e Educação Indígena
© 2025 Criado por neimar machado de sousa.
Ativado por