Muitos anciãos indígenas contam aos jovens a fábula do carneiro (ovecha) e do macaco (ka’i) para instruir sobre a necessidade da humildade e a prudência.

Dizem que o macaco foi passear longe de sua casa, pois se sentia muito sozinho. Este animal costuma ser muito exibicionista, ainda mais quando está no meio das mulheres. De longe viu que o carneiro estava cercado por muitas moças.

Estas moças juntavam-se sob uma árvore com frutas maduras para apanhá-las quando caiam. O carneiro ajudava as jovens, derrubando as frutas pouco a pouco. Ele se afastava da árvore, depois corria e batia a testa com bastante força na árvore para derrubar as frutas maduras.

Um carneiro possui a testa bem dura e somente com isso faz qualquer inimigo fugir na hora da luta, explicou o kaiowá Aniceto Ribeiro. O macaco foi chegando e viu o que o carneiro fazia para derrubar as frutas. O macaco queria fazer o mesmo para impressionar as moças (kunhatai) e mostrar que era melhor que o carneiro. Então disse às meninas:

- vou derrubar mais frutas para vocês que este carneiro.

O macaco se afastou bem longe da árvore e veio correndo para bater a testa e derrubar as frutas como fazia o carneiro. Quando o macaco bateu na árvore, ao invés de frutas caídas no chão, o que se viu foram seus pedaços espalhados para todos os lados. Assim, ele padeceu pela sua vaidade.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Ovecha ha ka’i. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2001.

 

NOTAS:

  1. Pesquisa e organização: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação pela UFSCar e pesquisador na FAIND/UFGD. Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem finalidade educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue a forma das fontes consultadas.
  4. Metadados: ovecha, ka’i. IMAGEM: CÁCERES, Maciel Vilharva. VERA, Adauto. GUARANI ÑANDEVA ARANDUMI. TI Porto Lindo (MS): ASIE/SEMED, 2019.

 

Tags: macado, ovelha

Exibições: 69

Responder esta

© 2024   Criado por neimar machado de sousa.   Ativado por

Relatar um incidente  |  Termos de serviço