As histórias dos animais são contadas pelos índios mais velhos para orientar as crianças e desenvolver nelas as virtudes e a sabedoria. Esta é história do jagua e do mbarakajá, quando os dois fizeram uma viagem juntos.
Conforme a narrativa recolhida pelo sr. Aniceto Ribeiro, kaiowá da região de Amambai (MS), o gato e o cachorro estavam dormindo à noite, cansados de longa jornada, perto de uma fogueira. Quando estava perto da meia-noite e estava bem escuro, o gato falou para o cachorro:
- quem é aquele que está vindo pelo caminho?
O cachorro olhou e não enxergou nada por causa da escuridão. O gato exerga bem de noite e vê mais que o cachorro.
O cachorro não queria sair perdendo para o gato e depois disso dormiram de novo. O gato e o cachorro já estavam dormindo, mas, de repente, o cachorro pulou e saiu correndo pela estrada. O gato levou um susto.
Depois de algum tempo, o cachorro voltou para se deitar. O gato se assustou novamente e o cachorro disse:
- Não se assuste, pois era apenas o fio do pelo de um rato que caiu e eu ouvi.
A disputa ficou empatada, pois o cachorro ouve bem e o gato enxerga bem mesmo na escuridão. Na seguinte, continuaram sua viagem e a certa altura já estavam como fome. Resolveram chegar em uma casa, onde os donos estavam almoçando. Os dois estavam loucos de fome, chegaram e sentaram. Os donos da casa nem ligaram de convidar os dois para almoçar.
O gato resolver tomar a iniciativa e disse ao cachorro:
- vou pedir comida para eles, para ver se eles nos dão.
O cachorro respondeu:
- eu não vou pedir, pois eles deverão jogar os restos foram e destes eu vou comer. Se sobrar, vou aproveitar.
O gato (Mbarakaja) não aguentou e pediu comida. Os donos da casa jogaram água fria nele e o expulsaram correndo. Ao final ficou sem comer nada. O cachorro (jaguá) tevem paciência de esperar e por isso o dono da casa deu tudo o que sobrou para ele comer à vontade. O gato teve de sair correndo porque pediu comida.
As histórias dos animais são comparações, esclareceu o sr. Aniceto. Ele conta que sua mãe separou-se do pai, quando ele ainda era muito pequeno e o levou para morar com o avô. O apelido do avô era Gwará, pois as crianças de antigamente não chamavam o o pai, a mãe, avô e a avó pelo nome próprio e às vezes nem o sabiam. Os avós eram chamados de Tamõi (avô) e Ijari (avó).
Segundo sr. Aniceto foi com o avô que morou e foi criado desde pequeno. Foram os avós que o ensinaram com histórias dos animais e feitos dos antepassados mais antigos, o Sol (Kuarahy) e a Lua (Jasy).
REFERÊNCIAS E FONTES:
Professores e estudante. Mbarakaja. Panambizinho: Ação Saberes Indígenas na Escola, 2019.
RIBEIRO, Aniceto. GALHEGO, Wilson. Terra Indígena. Assis: UNESP, 2001.
NOTAS:
Bem-vindo a
Laboratório de Pesquisas em História e Educação Indígena
© 2025 Criado por neimar machado de sousa.
Ativado por