O episódio final dos gêmeos narra como o Sol e a Lua fizeram as luzes que iluminam o dia e a noite e como organizaram as estações e a renovação do tempo.

Quanto o pai do sol e da lua chamou os gêmeos que estavam descansando no coqueiral (pindoty), eles nem responderam. Nhanderuvusu queria entregar a eles os mesmos objetos que havia dado aos outros seres divinos para serem testados como luzeiros. O Pai disse ao irmão mais novo, a Lua, que ele seria a lua que iluminaria das as coisas à noite.

Naquele instante, Pa’ikwará tirou o próprio enfeite da cabeça (jegwaka) e jogou-o em chamas para o alto dos céus. O Pai desceu novamente na terra e verificou que tudo estava claro e bem iluminado. Depois disse ao irmão menor, Tyvýra: - agora é a sua vez. O pai queria dar-lhe o que era dele, mas a lua tirou o próprio enfeite e mandou para o alto do céu. Da mesma maneira que o irmão, seu luzeiro ficou lá e não caiu.

O pai desceu novamente na terra e viu que havia dois luzeiros iluminando a terra, o mais velho e o mais novo. Depois, o Pai voltou novamente. Chegou dizendo que eram mesmo filhos seus. A mãe dos dois disse: - você serão luz para todos os povos da terra. O irmão mais novo iluminará todos os animais.

Nhanderuvusu desceu novamente na terra e estava muito quente, pois os Sol e a Lua iluminavam juntos. O Xiru Kurusu Marangatu deu o nome de Sol e Lua aos dois brilhos.

O Pai disse que o calor do Sol e da Lua ao mesmo tempo ia nos derreter a todos. Assim, a luz passou a iluminar quando o sol se escondia, mas o calor ainda era demais e parecia fogo. Os irmãos começarama conversar e concordaram que a luz da luz seria mais fresca à noite e que alguns dias do ano a sua luaz seria mais curta. Quando isto acontecesse, o tempo seria chamado de ro’y ára (inverno) e os dias seriam mais frios. Eles chamaram o frio de jasuka.

Ro’ype ha’e kwéry jasuka he’i.

O jasuka será para todos os povos e para permitir o tempo das novas plantas, mas antes tem de vir o primeiro jasuka (geada). Depois a lua passou a regular a sua luz e para isto tinha de morrer várias vezes no ano, fisgada pelo anzol de Anhã, para depois o Sol fazê-la viver novamente. Assim o tempo seria sempre renovado. A troca da luz da lua é chamada de renovação.

Ohekoviarõ pe hendy tuja. Upeixa há’ekwera onhomongeta.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

SOUZA, Andreza. O Mito dos Gêmeos. Ano XV. N. 82. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2000. P. 160ss.

VERA, Dedimar Pires. Guarani Mombe’upy. ASIE: Paranhos, 2019.

 

NOTAS:

  1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem objetivo educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
  4. ÑE’ẼNDY: ro’y ára, jasuka. IMAGEM: VERA, Dedimar Pires. Guarani Mombe’upy. ASIE: Paranhos, 2019.

 

Tags: jasuka, ro’y, ára

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