A análise do eclipse sob a perspectiva guarani é uma forma de interpretação do mundo. O eclipse precede a destruição do mundo e da humanidade, segundo informações dos Kaiowá da Aldeia Panambizinho.
O eclipse do sol, kuarahy pytũ, e o eclipse da lua, jasy pytũ, anunciam cataclismas. Segundo a interpretação guarani do último eclipse, ocorrido no dia 02 de julho, seu significado foi ignorado pelos brancos, pois é um mau presságio, mbora’u, que está relacionado também ao desmatamento e as poucas deste ano. Observaram que os Ipês e Mangueiras floresceram mais cedo este ano devido às poucas chuvas.
Os eclipses antecedem a destruição da terra nesta cosmovisão. É o eclipse que marca o fim do mundo. Durante a escuridão, o guaruje, pássaro fantástico e temido devorará a quantos seres humanos conseguir apanhar.
Na segunda terra, depois da destruição do dilúvio, havia duas irmãs que estavam na roça, colhendo batatas, e ao perceberem o eclipse, se esconderam em um grande tronco oco e cobriram a entrada com o minaku, balaio de palha. Quando Kuarahy apareceu de novo, elas saíram do tronco, mas não havia sobrado ninguém vivo. As duas não sabiam o que fazer. Depois de um tempo, apareceu Nhandejara, enviado por Yvy Ramõi. Eles caminharam juntos e fizeram uma casa, oygusu, perto dali em menos de dez minutos. O irmão mais velho armou sua rede e se casou com uma das moças. Seus descendentes foram os kaiowá, segundo explicação do Sr. João Aquino.
REFERÊNCIAS E FONTES:
CADOGAN, Leon. Ayvu Rapyta: textos míticos de los Mbyá-Guaraní del Guairá. São Paulo: USP, 1959.
CLASTRES, Pierre. A fala Sagrada: mitos e cantos sagrados dos índios guarani. Campinas: Papirus, 1990.
VIETTA, Katya. Histórias sobre terras e xamãs kaiowá. São Paulo: USP, 2007. Tese de Doutorado.
NOTAS:
Bem-vindo a
Laboratório de Pesquisas em História e Educação Indígena
© 2025 Criado por neimar machado de sousa.
Ativado por