KA’A MOMBE’UPY: ORIGEM DA ERVA-MATE.
Ka'a, a erva-mate, era uma linda jovem que vivia nas margens do Rio Apa. Nasceu onde o rio descansava num remanso antes de seguir seu curso sobre as rochas.
O primo e admirador de Ka’a dizia que seu corpo parecia modelado por Tupã a partir das coisas mais belas do mundo como as cordilheiras distantes, os vales verdes e floridos e as reluzentes areias. Um dia Ka'a parou diante da água azul para contemplar a própria imagem e contorno de seu corpo, dando-se conta que seu primo dizia a verdade. Contente e confiante em sua beleza começou a caminhar por horizontes mais distantes. Gostava de andar pelos bosques sem sentir medo. Caminhava sozinha, acompanhada apenas por um pássaro negro de penas brilhantes. Sua diversão era juntar caracóis e entrelaçar as flores mais bonitas para fazer coroas.
Uma tarde, depois de muito caminhar, chegou a uma margem do rio. Ali, acomodou-se sobre uma brilhante pedra violeta, onde começou a brincar com a água e a areia, olhando as pequenas pedras que chegavam até seus pés. De repente foi surpreendida com o barulho do pássaro que a acompanhava. Rapidamente olhou ao redor e como nada viu, continuou brincando com a areia molhada. Muito perto dela andava outra pessoa. Estava sentado sobre uma rocha e, escondido entre as folhagens, a observava sua beleza nunca vista em sigilo. Sentia um estranho desejo que não compreendia. Não sabia se vinha do céu, do rio ou de seu interior. Sentia o fervilhar do seu sangue diante de tamanha beleza.
A tarde já acabava e começava a anoitecer, quando ka’a começou a voltar para casa quando cruzou o caminho de um jovem bonito de olhar enamorado. A Saracura Grande, sua companheira, ao ver o rapaz, grasnou novamente, pois queria contar-lhe que aquele jovem era o mesmo que a observava em segredo no rio em meio às folhagens.
Ka'a virou-se para observar o jovem que se ia, mesmo sabendo que isso era um mau agouro. Fez porque não conseguiu se contar. Ficou muito emocionada, quase enfeitiçada pela visão do olhar amoroso do jovem. À noite, Ka’a quase não conseguiu dormir, mesmo cansada da longa caminhada. Parecia não esquecer o olhar do jovem. Após um bom tempo conseguiu dormir, mas um pouco antes do amanhecer, seu sono foi interrompido. Ouviu a voz de um desconhecido conversando animadamente com seu pai. Era um avare, sacerdote da etnia mbya, que andava juntando ouro e pedras preciosas para construir uma igreja, "Mba'everaguasu", grande e resplandecente. Os "mbya" não se misturavam com outras pessoas e, por isso, tinham de se casar somente entre eles. Acreditavam que eram distintos de todos os demais. Esta crença era ainda mais arraigada num sacerdote mbya, mais apegado às regras sagradas. Eles não podiam se casar, mas era certo que Ka’a estava apaixonada pelo Pa’i Mbya.
Dia e noite, Ka’a passou a andar pelos pelas matas, rios, trilhas e atalhos. Procurava sem descanço o jovem que a conquistara com o olhar alegre e o sorriso. Não conseguia esquecer o momento em que cruzou com o jovem adornado por uma pele de onça e um amuleto no pescoço. Ao encontrá-lo de repente, muito distante na floresta, corria em sua direção, mas este desaparecia de sua vista, fugindo do encontro. Ka’a queria diminuir a dor que sentia pelo amor impossível. Um dia soube que o jovem tinha de voltar para Mba’evera guasu, a cidade resplandecente. Como seu amor era muito intenso, decidiu ir novamente atrás dele, decidida a encontrá-lo.
Após longa caminhada, chegou ao local onde o havia visto o jovem Pa’i Mbya pela primeira vez. Lá avistou o jovem "Avare", sentado sobre uma rocha iluminada na margem do rio, brincando com a água e as pequenas ondas do rio. Seu rosto estava oculto pelos cabelos negros que caiam sobre sua face.
Os raios do sol pareciam brincar com as raízes das plantas e dançar sobre a superfície das pedras. A sombra do "Pa'i Mbya" se estendia diante dele e se projetava no rio. Lá estava silencioso e pensativo, sem seque levantar os olhos para Ka’a. A jovem não sabia o que fazer para chamar a atenção do sacerdote. Seu primeiro impulso foi dançar diante dele.
O jovem olhou para ka’a, mas não conseguiu compreender o que estava vendo, pois a jovem era tão bela que nunca tinha contemplado nada igual em sua vida. Não achava explicação para o sentimento que a jovem despertava nele. Sua reação era fugir correndo sozinho pelas matas e campos. Achava que estava enfeitiçado e temia enlouquecer pela imagem da jovem dançando. A imagem da moça parecia uma chama semelhante a uma estrela que queimava seu coração.
De repente, o jovem, em um salto, chegou à sua frente; parou diante de "Ka'a" e a olhou fixamente nos olhos. Sentiu-se tonto naquele momento como se caísse num poço profundo, perdeu as forças diante de criatura tão bela. O sangue fervia e o coração explodia. Assim assim, se absteve. Em nenhum momento esquecia sua condição de "Pa'i Mbya". Sua carne lutava contra sua alma e esteve a ponto de abraçar a jovem de corpo brilhante que dançava diante dele.
"Ka'a" percebeu que o homem não iria se aproximar dela, então ela tomou a iniciativa e como um cipó enfeitiçado se enroscou no jovem e lhe roubou um beijo. O sacerdote indígena, pa’i, sentiu que seu sangue fervendo e seu coração batia como nunca. Ela estremeceu quando uma súbita ação demoníaca o fez tirar o machado de pedra da cintura e desferir um ataque na cabeça da garota. Ka'a caiu no campo com a cabeça sangrando. A saracura, sua companheira, atacou o rapaz, enquanto ele mirava o horizonte fora de si. Ka'a sangrou e morreu diante de seus olhos. Pouco tempo depois, o homem voltou a si e percebeu o que tinha feito. Não queria acreditar e foi tomado de infinita tristeza.
Um profundo e misterioso silêncio se extendeu por toda a terra. À distância se via a fogueira acesa para afugentar os maus espíritos e animais selvagens. Ninguém acreditava que a bela jovem apaixonada acabava de morrer nas mãos do homem a quem amara. O Pa'i Mbya foi sacudido e despertado, após muitas bicadas da saracura. Este saltava diante do jovem atordoado e gritava:
-"Huguypa Ka'a"... "Huguypa Ka'a". Ka'a perdeu todo o seu sangue.
- Sim, eu a feri na cabeça com o machado de pedra e a matei. Eu mesmo apaguei minha luz para nunca mais brilhar.
Neste momento, jogou fora o machado de pedra, deixou os cabelos cobrirem seu rosto e saiu correndo pelo campos e matas, parando de tempos em tempos para refletir. A imagem da jovem aturdia seu coração, sua mente e sua alma levava o crime que acabava de cometer.
Muitos anos se passaram e um dia o ancião chegou ao lugar onde ka’a e sua família viviam no Rio Apa. Ainda era possível apreciar na imagem do ancião o porte elegante que tinha quando jovem, seu olhar e rosto alegre de então. Foi caminhar tranquilamente na margem do rio sem rumo fixo e, de repende, ao chegar a uma grande rocha brilhante, foi atacado por um grande pássaro negro, semelhante ao que acompanhava ka’a. A saracura, como cega, atacava o rosto do ancião com seu bico enquanto repetia: "YpaKa'a"... "YpaKa'a". O velho tentou de todos os meios acalmar o pássaro. Depois de muitos ataques, o pássaro se acalmou, juntos entraram na mata e caminharam juntos em busca de algo. A Saracura esticava o pescoço para escutar algum ruído na correnteza das águas. O velho tateava atrás das rochas devido à densidade da mata, lembrando seus passos durante a juventude, pressentindo voltar a ver o rosto luminoso e belo da jovem que teve diante de si antes de assassiná-la.
Para proteger-se do sol escaldante, entreou para descansar sob um arbusto que exibia belas frutas vermelhas que irradivam chamas ao misturar-se com os raios do sol. Percebeu que o cheiro daquelas frutas preenchia sua alma e o animava no meio da mata. Sentia que alguém o acompanhava naquele momento.
Observava cuidadosamente as folhas do arbusto e mesmo com seus grandes conhecimentos da floresta, não conseguia identificar que planta era aquele arbusto que oferecia tão boa sombra e exibia tantas folhas verde-escuras. Colocou-se de pé, aproximou-se das folhas e arrancou as mais jovens; amassou-as e as levou à boca; mastigou-as como se fosse uma folha de tabaco e sentiu seu sabor meio amargo, cujo gosto era tão agradável que irrigava todo o corpo. Sentia rejuvenescer enquanto mascava as folhas; por um breve instante ficou levemente adormecido. Começou a perceber, como se estivesse sonhando, um templo iluminado no meio do bosque. Ao olhar mais atentamente viu em seu interior uma moça que irradiava beleza semelhante à Mãe de Deus. O velhinho, assuntado, perdeu a fala e ficou boquiaberto diante de tamanha beleza.
Após grande esforço conseguiu articular algumas palavras baixinhas: "Ka'a porã"... "Ka'a porã"... e, deste modo, não caiu mais desfalecido. Amor infinito, imensa tristeza e incomparável beleza, se juntaron ao sono do ancião para acompanhá-lo antes de expirar.
Dizem que as ervas daninhas e os arbustos que cobrem a erva-mate são o símbolo de quão difícil foi o amor entre a jovem e o sacerdote, avare. A saracura que até hoje repete "ypaKa'a" recorda que é preciso proteger esta árvora daqueles que querem derrubá-la. Somente suas folhas podem ser colhidas, secas e moídas para que a erva benéfica continue apreciada na pátria guarani.
Ka'a, peteĩ kuñataĩ iporãmbajepéva, heñóiva'ekue ysyry Apa rembe'ýpe, amo hi'y ojere jepyvuhápe1 osyry mimbi haguã upéi hupa itavera ári. Peteĩ ituvyra'y2, ohecharamopotávo, he i chupe pe hete ndaje ha'ete Tupã ojapo haguã ombyatypáva'ekue maymáva mba'e porã oĩva ko arapýre, maymáva mba'e ipotapyrã iñasãiva yvytyrysýi3 mombyrýre, umi yvytypa'ũ4 rovyũre ha umi yvyku'i ñehẽ vera mimbíre. Ka'a oñemoĩ y hovy kirirĩ renondépe omaña haguã ijehe ha ohechakuaa upépe añeteha pe ituvyra'y he'íva'ekue ichupe. Ovy'a, ipy'akyrỹi asy, ojerovia ijehe ha osẽ oguata umi arapaha5 mombyrýre. Ha'eño oikose umi javorái ha ka'aguy vaíre, ndokyhyjéi mba'evégui; peteĩ guyra hũ para mimbínte omoirũ ichupe uperupi. Oiko omono'õ umi itakuruvi6 ha jatyta pire opáichagua. Ombojoaju ha omyapesãmba umi yvoty iporãvéva iñakã jeguakarã.
Upe ka' arúpe, heta oguata rire, oguahẽ sapy' a Ka'a yrembe'ýpe. Oguapy peteĩ itavera tũmby7 ári ha oñemoĩ oñembosarái y ha yvyku'íre, ku oipapárõ guáicha hína umi itaju ku'i mimbi8 ojapajeréiva ipykuéra morotĩ kyrỹi apére. Upeichaháguinte, omopirĩ sapy'a ¡chupe pe guyra imoirũha ahy'opu9. Pya'eporã ojesareko opa rupiete ha ndohecháimarõ mba'eve, ojevy jeýnte ha oñembosarái yvyku'i hykuére... Ha katu, oĩ peteĩ oĩva aguĩete ichugui, oñembo'y peteĩ itaguasu ári ha oñemi umi yvyra rogue apytépe. Pe máva omaña ñemíva hese iñangapyhy ha ipy'arory asy ohechávo mba'e porãite ohecha'ỹva araka'eve gueteri. Ndoikuaái pe mba'epotapavẽ oñandúva upe jave oúpa ichupe yvága ýrõ pe yguýgui, térãpa hyepypentevoi opupu ha opoñy huguýre ohechávo mitãkuña porãite ijojaha'ỹva.
Ka'arupytũetéma. Ka'a oho hóga gotyo ha tapére oñuvaitĩ, ha ojuasa peteĩ mitãrusu porã po'i pukúndie, umi omaña hatã porohayhurekóva10 rehegua. Pe guyra, Ka'a rymba, ijahy'opu pyahuete jey ohechávo ichupe, omombe'useterei ijárape pe karia'y ha'eha hína omaña nemíva'ekue hese amo yrembe'ýpe. Ka'a, kuñáma haguã, opyta ha ojere omaña hese hapykuéguio, oikuaáramo jepe ivaiha péicha jajapo. Ha'e ojapo ndojejokóigui; ombotavyrai vaicha ichupe pe karia'y ma'ẽ paje ñembokikatu11 ojuasávo hendive.
Upe pyharépe, Ka'a ndaikatúi oke. Oguata heta ha ikane'õramo jepe, ndaikatúi ombogue pe kerasy12: ojaho'íva ichupe pyhare aja pukukue. Ohecha vaicha mantérei pe karia'y ojayvýramo hi'ari ha ohapýtarõ vaicha chupe ipytuhẽme13. Heta oñorairo rire kerasy ndive opyta oke ha, ko'ẽvovemínte, opáy jeýma ohendúgui oñomongeta kyre'ỹ itúva ndive peteĩ karia'y ha'e oikuaa'ỹva. Pya'e ohechakuaa Ka'a peteĩ Pa'iha pe itúvandie oñomongetáva. Péva pe Pa'i, Mbya apytégui oúva, oiko itaju14 ha itavera hepy15 rekávo, omopu'ã haguã Tupão "Mba'everaguasúpe". Umi mbya niko ndojehe'ái ambue tekove mbya'ỹ rehe; ndaikatúi omenda ndaha'éiriramo mbya avei pe iñirũrã. Ha'ekuéra oimo'ã ndaijojahaiha ko arapýpe ha upévare ndojehe'aséi ambuére. Kóva ko oimo'ãva hikuái hatãitereivéntema ipa'ikuéra akãme. Pa'ícha ojejoko kuaáva hasy jajuhu haguã. Ha'ekuéra ndaikatúi omenda, ha katu Ka'a iñakãku'e ko Pa'i rehe.
Ára ha pyharépe Ka'a oikundaha16 umi ka'aguýre, umi yrembe'ýre, umi tape po'i ñemíre. Oiko oheka pytu'u'ỹre pe karia'y hesa rory ha ipukavy piro'ývape; ndahesaráiri ohecha ramo guare isyváre jaguarete'i pire pehengue oguerekóva iñakã jeguakáramo ha pe mba'ekarai ryru itajuguigua osãingóva ipyti'áre. Ohechájepi chupe sapy'ánte mombyry ha vokóike oñani hendápe, ha tuicha ipy'andýi jepi17 ohechakuaávo pe karia'y okañyha ichugui, ndojejuhukaséiha ichupe. Ha Ka'a omboguese katuetei pe tatarendýicha oipy'arapýva ichupe mborayhupavẽ. Peteĩ jeýnte oikuaa pe karia'y oho jeýtamaha "Mba'everaguasúpe", ou haguéicha. Tuichaitereíre imborayhu, Ka'a oñembopy'apeteĩ ha oho oheka pe karia'ýpe. Hetaiterei ojeporeka rire hese, oho pe yrembe'ýpe, ohecha ypy haguépe ichupe pe karia'y Avare.
Upeichaháguinte hesaho sapy'a pe imborayhúre. Ohecha oguapy, ojepy'amongeta hina, peteĩ itavera guasu ári, pe yrembe'ýpe, omosãingo mokõivéva ipy onembosarái aja pe y apenu rysýi18 sa'íre; pe hova ndojekuaái omo'ãgui hi'áva hũ apesỹi ypytũme.
Kuarahy rata onembosarái vaicha umi yvyra rakã rogue apytépe ha opyryrỹi vaicha umi itavera guasu apére. Pe Avare rete ra'anga ojepysóva henondépe ojopégui chupe kuarahy hapykuéguio, ha'ete vaicha tuichavéva pe yrembe'ýpe. Upépe oĩ, kirĩrĩ ha py'añemongeta pypukúpe. Ndojesaupírinte jepe Ka'a rehe... Ndoikuaáiguirei mba'épa ojapóta pe mitãkuña ha jahechápa nombyetia'éi pe Avarépe ijehe, oñemoĩ ojeroky ha opurahéi henondépe. Oñemokonívoi ijukyve haguãicha, ku ohetera'ã haguãicha pe kuimba'épe. Upéicha oĩhágui hina, ojesaupi sapy'a Ka'a rehe ha ndogueroviaséi umi hesa ohecháva; mba'e porãite araka'eve ohecha'ỹva gueteri hekovépe. Noimo'ãi oĩne haguã peichaite peve kuña oipy'ara'ãva ichupe ko arapýpe, ha okañysemo'ã upégui; haimetete osẽ oñani ha'eñorei pe ka'aguýre. Ha'ete vaicha ku oñepohanóva19 upe jave. Ombotavýtavaicha ichupe pe kuña rete morotĩ kyrỹi ojepyso ha oña'yñavaicha20 pe kuarahy mimbípe; sapy'ánte ha'ete vaicha tatarendýntemavoi pe ohecháva; ohapývaicha ichupe ine'ã mboypýri pe mbyja kypy'y rata iñapenu21 kunu'ũva henondépe.
Upéicha oĩ hágui hikuái, peteĩ araveráicha, pe karia'y opo ha oguahẽ ichupe; oñembo'y mbarete henondépe ha omaña porã umi mokõi hesáre. Upe jave peteĩ tesakuaguyry ojapokói hese ha ho'áta vaicha peteĩ yvykua pypukúpe; ha'ete vaicha ndaikatúiva oñembo'y pe Tupã rembiapokue porã paha renondépe. Oñandu vaicha pe huguy opupu hyepýpe ha osoróta vaicha pe iñe'ã. Ha katu ojejoko, ndojapói pe oimerãéva kuimba'e ojapóva'erãmo'ã upe jave. Sapy'amínte jepe ndojeíri iñakãgui ha'e hekopotĩ ha imarangatúva'erãha tapiaite. Pe hete ro'o oñorairõ pe hi'ánga ndive. Haimetemete oñanuã pe mitãkuña rete jajái oñemokoníva henondépe, ha ojejoko jey jepi.
Ka'a ohechakuaa pe Avare ndojamo'ãihavoi hese. Upémarõ ha'e oñembopy'apeteĩ ha oñemboja hendápe, ojejavo'ói22 hese ndijavýi peteĩ ysypo paje, ha oimo'ã'ỹ hágui ohetũmánera'e ichupe ijuruetépevoi. Ombosope23 ichugui peteĩ jurupyte kane'õ sapy'ami, umi jahasakuévo guáichagua. Pe Avare oñandu opupu pe huguy ha ine'ã operere ambue. Ho'ávaicha hese pytũ. Ome'ẽ chupe peteĩ hýi24 ha oipyhy pe itamarã25 oguerekóva iku'áre ha upévape oñakanupã pe mitãkuñáme. Ho'a upépe Ka'a, ojepyso pe kapi’ipépe, ochivivi pe inakãgui tuguy mimbi. Guyra tapiaiténte omoirũva ichupe oñepyrũ operere ha oisu'u pe Avarépe, opyta aja kóva omaña mombyry atã ku itavýaicha. Ka'a huguypa... omano pe henondépe. Ha'e opáyvaicha upe rire ha omaña hembiapokuére... ndogueroviaséi... itĩndyrei opytávo... ojaho'i chupe peteĩ angata ha vy'a'ỹ apyra'ỹ.
Peteĩ kirirĩ pypuku herunguáva26, ojepyso ko yvy apére. Mombyry ojehecha tatarendy ojapóva omondýi haguã ãngue vai27 ha mymba ka'aguy. Mavaveaite ndoikuaái peteĩ mitãkuña omano ramoite hague karia'y ha'e ohayhúva pópe. Upeichaháguinte, pe Avare ojetyvyro sapy'a, heta oheja rire oisu'u ichupe pe guyra Ka'a rymba. Oñepyrũ pe guyra opopo henondépe ha oñe'ẽ; ha'ete vaicha he'íva: "Huguypa Ka'a"... "Huguypa Ka'a". Avare ombohovái chupe:
- Héẽ, che añakã joka ko itamarãme ha ajuka. Chetévoi ambogue che rataindy araka'eve hendyve'ỹ haguãicha.
Upépe omombo ijitamarã ha oity henonde gotyo hi'áva hũ puku oñomi haguã pe hova. Oñemoĩ oñani ñu ha ka'aguýre, poyvi hũ vaicha omboveve ohóvo inakãrague puku reheve. Opytájepi sapy'ánte ha ojepy'amongeta. Ojapokóivaicha iñe'ãre pe mitãkuña rova ra'anga ogueraháva iñapytu'ũ kuápe ha ombyasy avei ipy'aite guive hembiapo vaikue.
Heta ary ohasa, ha upéinte peteĩ tujami oguahẽ oúvo Ka'a oiko hague rupi. Ojekuaa gueteri hese hete po'i joja porã hague ha jahecha avei gueteri hováre ipukavy ha hesa rory ymave guare. Oho oiko mbegue pe yrembe'ýre, oguata upe rupi ku henondera'ỹvaicha, ha upéicha háguinte, ojávo peteĩ itavera guasu ypýpe, ou chupe peteĩ guyra tuicháva, ku hesakuapérõ guáicha ombeti pe hováre, oisu'u vaipa ichupe. Operere aja pukukue hese pe guyra he'i jey jey: "Hypa Ka'a"... "Hypa Ka'a". Pe tujami oñeha'ã opaicharei omoñyrõ28 ha ombopochyjera29 haguã ichupe. Ha'etévaicha pe guyra ojuhúva py'aguapy hetaporã oisu'u ha operere rire hese. Ha ipahápe ojogueraha hikuái pe ka'aguýre, ohekávaicha ohekáva, pe guyra oipysójepi ijajúra ojapysaka haguã umi ysyry ryapúre; tujami katu oiko omaña ñemi umi itavera guasu kupe rupi, térã umi ka'aguy ypytũ rupi, ogueromandu'ávo hembihasakue imitãramo guare, ohecháta vaichánte upe rupi pe kuñataĩ omimbi ha ojajaipáva'ekue henondépe ojuka mboyve.
Okañy kañyvo kuarahy akutinígui30, oho oguapy peteĩ yvyra ra'yrusu rakã guýpe, ha omyandy vaicha hováre umi ijyvoty pytã ojehe'ávo araresáre. Upépe oñetĩupi31 ha ohetũ peteĩ mba'e ryakuã porã ombopy'a rorýva ichupe pe ka'aguy mbytépe ha oñandu vaicha oĩha imoirũhára upe jave. Ojesareko atã umi hogue rehe; ha ikatupyrýramo jepe ha'e ko'ã mba'épe, ndaikatúi oikuaa mba'e yvyrápa pe hogue porãitéva ha omokuarahy'ã piro'ýva ichupe. Opu'ã upémarõ, oñembojave umi hakãre, ha oipo'o umi hogue rovyũ kyrỹi guasu; oipokyty32 porã ha omoĩnge ijurúpe; oisu'u ku petỹ jaisu'úrõ guáicha ha oñandu pe hykuere, ironungáramo jepe, heterei chupe, opoñývaicha huguýre. Hetaiterei ary vaicha oikoveve oisu'u aja pe yvyra rogue, ha katu, sapy'aitérõ guarã omonga'u ichupe. Oñepyrũ ohecha ku ikepeguara moguáicha peteĩ Tupão omimbipáva pe ka'aguy mbytépe. Ojesareko porã hese ha ohecha hyepýpe peteĩ mitãkuña, Tupãsýicha omimbi ha ojajáiva hína upépe. Tujami oñemondýi, opyta iñe'ẽngúrõ guáicha ijurujái pe mba'e neporãmbajepéva rehe. Heta oñeha'ã rire osẽ sapy'a chupe mokõi ñe'ẽ ha he'i mbeguekatumi: "KA'A PORÃ"... "KA'A PORÃ"... ha upépentemavoi ipy'amano"... ho'a, noñeñanduvéi. Mborayhu pavẽ, ñembyasy puku ha mba'eporã oñombyaty hikuái upe asajépe omoirũ haguã pe Avare tujamíme omano mboyve.
Javorái ojeréva pe yvyra rakãre ndaje omombe'u ñandéve hasyhántevoi peteĩ mitãkuña mborayhu ojehe'ávo Avare mborayhúre, ha pe guyra katu ndaje, he'i kuévo "HYPA KA'A", oñangarekóta tapiaite péva pe yvyra rakã rehe, oipysyrõ34 haguã yvyporakuéragui, ani haguã oiko oikytĩ, ohovere ha omyangu'i pe hogue. Upéicharõmante ndaje ka'aguýre ndopamo'ãi ka'a porã Guarani retã.
1. Yjere jepyvu: Remanso, redemoinho
3. Yvytyrysýi: Cordilheira
6. Itakuruvi: Canto rodado
8. Itaju ku'i mimbi: Pepitas de ouro
10. Porohayhureko: Apaixonado
11. Ñembokikatu: "Dom Juan"
13. Ipytahẽme: Com seu alento
15. Itavera hepy: Pedra preciosa
16. Kundaha: Andar sem rumo
19. Oñepohãnóva: Encantato
21. Iñapenúva: Ondulou-se
22. Ojejavo'ói: Aproximou-se
23. Ombosope: Roubou, furtou
24. Hýi: Desejo repentino
25. Itamarã: Machado de pedra
26. Herũnguáva: Misterioso
27. Ãngue vai: Espírito mau
29. Omohopochyjera: Calmaria
30: Kuarahy akutini: Sol escaldante
SANABRIA, Lino Trinidad. Moñe’erã Guaraníme. Asunción: Biblioteca Paraguaya de Antropología (CEADUC), 2005.
FERREIRA, Eva Maria Luiz. A participação dos índios Kaiowá e Guarani como trabalhadores nos ervais da Companhia Matte Larangeira (1902-1952). Dourados: UFGD, 2007.
OLIVEIRA, Jorge Eremites; ESSELIN, Paulo Marcos. UMA ETNO-HISTÓRIA DA ERVA-MATE E DOS POVOS INDÍGENAS DE LÍNGUA GUARANI NA REGIÃO PLATINA: DA PROVÍNCIA DO GUAIRÁ AO ANTIGO SUL DE MATO GROSSO. Tubarão: Copiart, 2018.
RODAS, José Javier. Leyenda la Yerva Mate. Argentina: Crónica de la Tierra Sin Mal, 2011.
HACHEN, Miguel. Muralismo neoguarani.