Os mitos indígenas indicam os caminhos nos quais, segundo as tradições, os antepassados permaneceram para encontrar novamente os antepassados, Nhande Ramõi Jusu. Este taperendy, trilhado novamente, poderá evitar o colapso da terra pelos jaguares.

Muitas lendas contam os guarani e os kaiowá sobre a onça, chamada de Jaguaretê, o cachorro verdadeiro ou ser que tem corpo de cachorro, conforme a localidade da explicação e a família do interlocutor. Os antepassados dos Jaguaretê devoraram a mãe dos gêmeos, tentaram assar os filhos num espeto de arame e depois tentaram cozinhá-los, narra o Mito dos Gêmeos. De acordo com a anciã Rosalina Medina, nascida na região do Panambizinho, Mato Grosso do Sul, o Jaku foi enviado por Xiru Kurusu Nhe’engatu e se manifestou na forma de pássaro ao Sol e à Lua quando chegaram à floresta onde esta ave andava.

Ao chegar na mata onde vivia o Jacu, o irmão mais novo, Jasy, já queria atirar sua flecha e pediu ao irmão mais velho que o deixasse acertar primeiro. Quando a Lua estava pronta para disparar, o Jacu começou a conversar. O pássaro disse era enviado por Xiru Kurusu Nhe’engatu e tinha uma mensagem para os dois, um aviso. Foi assim que Pa’i Kuará recebeu a mensagem correta para que soubesse como destuir os que comeram a sua mãe.

A mensagem dizia o seguinte: aiporaka ete tamora’e xe sy u’hare ra’e, aiporaka ete tamora’e, aiporaka ete tamo xe sy mokanhy haré ra’e, aiporaka ete tamara’e xe sy momaragãtu hare he’i jeko ixupe pe jaku. Eu quero tanto cuidar de quem comeu a minha mãe eu quero tanto cuidar, eu quero tanto cuidar de quem destruiu a santidade de minha mãe, assim disse o Jacu para ele.

O pa’i Kwará perguntou: essa foi a ordem que Xiru Kurusu Nhe’engatu deu a você ? O Jacu contou o que deveriam fazer para destruir aqueles que comeram a sua mãe. Os gêmeos já haviam matado tantos passarinhos que já estavam estragando e o irmão mais novo disse para voltarem. Pa’i Kwará espalhou novamente os passarinhos caçados como folhas secas, guardou uns poucos e voltou com seu irmão, pois tinha que destruir os que comeram a sua mãe conforme a informação que recebeu do Jacu.

O pássaro Jacu também voltou para junto do Xiru Kurusu Nhe’engatu. Ventava bastante.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

MEDINA, Rosalina. Mito dos Gêmeos. Assis: UNESP/Revista Terra Indígena, 2000 (1970).

 

NOTAS:

  1. Pesquisa e organização: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação pela UFSCar e pesquisador na FAIND/UFGD. Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem finalidade educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue a forma das fontes consultadas.
  4. Metadados: jaguarete, jaku, gwyra nhe’engatu, gwyra nhe’ẽngatu ambapy. IMAGEM: FAUSTINO, Celia Reginaldo. Turi Ne Terenoehiko. Dourados: EdUFGD, 2018.

 

 

Tags: ambapy., gwyra, jaguarete, jaku, nhe’engatu, nhe’ẽngatu

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