O tema do eclipse conecta-se à cosmologia indígena e às suas epistemologias. Um dos animais relacionados aos eclipses é o Guaruje, bastante mencionado pelos kaiowá e guarani.
O Guarujé é um animal alado, devorador como a onça, grande como a ema, que aparece e age durante os eclipses. Os dicionários de guarani dizem que se trata de um monstro pré-histórico. Os kaiowá da Aldeia Taquaperi dizem que é uma ave parecida com uma ema gigante.
Este animal imortal mora no céu e vem para devorar as pessoas da terra durante a escuridão do sol e da lua. Isto ocorre porque ele é contido pelo Sol e pela Lua na morada celeste de Nhanderu. Quando os irmãos divinos são atacados, o Guarujé ganha a liberdade, podendo destruir totalmente a humanidade se o Sol e a Lua não se levantarem novamente.
O Guarujé, de acordo com os estudantes kaiowá da Aldeia Limão Verde, de Amambai (MS), assemelha-se a um grande morcego inimigo da humanidade, por isso é chamado de Mbopi Guasu. Estes animais monstruosos são muito antigos, talvez até mais velhos que o próprio Ñanderuvusu. Existem junto das trevas originárias e lutam contra os luzeiros divinos, representados pelo Sol, Kuarahy, e a Lua, jasy.
A destruição do Sol e da Lua, cuja face visível são os eclipses, só não é definitiva devido à intervenção dos Ñanderu e Ñandesy junto a Nhanderuvusu. O criador os mantém na cumeeira de sua casa (ongusu) no Sol nascente.
REFERÊNCIAS E FONTES:
CLASTRES, Piérre. A fala Sagrada: mitos e cantos sagrados dos índios guarani. Campinas: Papirus, 1990.
NIMUENDAJU, Kurt Unkel. AS LENDAS DA CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DO MUNDO COMO FUNDAMENTOS DA RELIGIÃO DOS APAPOCÚVA-GUARANI. São Paulo: Hucitec, 1987.
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