GERONIMO

[neimar machado de sousa]

Geronimo (1829 - 1909), em idioma chiricahua Goyaałé, em inglês Goyathlay, significa aquele que boceja. Foi um líder militar que lutou contra o exército dos EUA e do México nas guerras apaches (1861-1886).

Geronimo nasceu no povoado chamado Apachería, parte do México (Sonora) e atual Novo México (EUA), território da tribo Bedonkohe, onde seu avô Mahko era chefe, no canyon Nodoyohn do rio Gila. Era filho de Taa Di Tlish Hn e de Gha Den Dini, aquela que é atravessada pela luz. Teve três irmãos e quatro irmãs. Era xamã reconhecido e respeitado pelo seu povo.

Em 1858 as tropas do governador militar de Sonora assassinaram sua esposa, seus três filhos e sua mãe num grande massacre de velhos, mulheres e crianças. Geronimo jurou vingança e uniu-se a Cochise, chefe dos apaches Chiricahua, para atacar Sonora, onde muitos soldados mexicanos foram mortos. Nos anos seguintes atacaram outras cidades mexicanas.

Foi nomeado chefe quando morreu Cochise e em 1876 foi confinado em uma reserva indígena, mas diante da aridez da terra, marchou para o México em 1885. Foi acompanhado por um grupo de guerreiros Chihuahua Mangas e Naches. A partir de então viveria entre os dois países arregimentando indígenas que não aceitavam viver confinados como prisioneiros em reservas.

O governo dos EUA reagiu enviando 5000 soldados do terceiro exército e ofereceu uma recompensa de 2000 dólares. Geronimo foi localizado em Sierra Madre e entregou-se com mais de 450 seguidores apache que foram enviados ao Forte Marion, na Flórida, sob o comando do tenente Marion Perry Maus. Neste local, uma boa parte deles morreram de tuberculose. Geronimo foi aprisionado por três anos na Cadeia de Fronteira de Sonora, onde há um museu em sua memória. Após este período, foi transferido para uma reserva em Oklahoma. O governo nunca mais permitiu que voltasse à sua aldeia.

Ao final de sua vida foi exibido como troféu no desfile presidencial da posse de Theodore Roosevelt e também na Exposição Universal de São Luis (1904). Nestas exposições eram exibidos para satisfazer a curiosidade de quem assistia como exemplares dos povos indígenas feitos prisioneiros do governo sempre sob forte vigilância armada e obrigados a encenar para o público costumes indígenas. Nestas exposições, os índios eram apresentados como animais que tinham habilidades.

Geronimo ao fim da vida sobrevivia vendendo arcos e flechas e autografando fotos de si mesmo. Morreu aos 79 anos de idade de uma pneumonia agravada após a queda de cavalo. Foi derrotado pela prisão e pelo álcool.

O índio Geronimo é conhecido graças à sua influência na cultura pop. Foi personagem de histórias em quadrinhos, Geronimo e os Apaches Assassinos. O primeiro filme sobre ele é de 1912 e a referência no cinema mais atual ocorreu em Dr. Who (2013). O grito Geronimo, antes de iniciar uma atividade perigosa para invocar coragem, teria surgido do costume de um grupo de paraquedistas norte-americanos de gritar seu nome, após terem visto um filme, antes de saltar. Outra tradição para o costume registra que as patrulhas mexicanas invocavam São Jerônimo para protegê-los do índio com o mesmo nome antes das tentativas de prendê-lo. Os jornais o retrataram como o inimigo mais odiado na nação. Além dos soldados americanos, chegou a ser perseguido por mais de 3000 mexicanos.

Há várias petições nos EUA para que os ossos de Geronimo sejam devolvidos à sua tumba no Cemitério Apache dos Prisioneiros de Guerra, pois teriam sido levados para a sede de uma seita secreta, a Skull and Bones, em Yale, na época em que alguns membros prestaram serviço militar voluntário em Fort Sill, durante a Primeira Guerra Mundial. Embora não haja provas concretas que a história seja verdadeira, a família espera que a justiça investigue.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

Barret, S.M. Geronimo. Penguin Group, 2014.

McKINLEY Jr., J. C.. Geronimo’s Heirs Sue Secret Yale Society Over His Skull. The New York Times, 2009.

 

IMAGENS:

Curtis, E. S. Geronimo. Chicago: Universidade Noroeste, 1905.