As narrativas mitológicas recebem estes por se tratarem de um gênero literário não factual, metafórico, esotérico, mas em conexão com a realidade. São produzidos num contexto social com o fim de produzirem um efeito desejado.
O mito dos gêmeos, narrado por Andreza Souza a Wilson Galhego, registra que os gêmeos matavam passarinhos para a velha onça comer com farinha e que cuidavam dela. Depois foram caçar pássaros e a velha onça disse para seus netos:
- estou gostando destes meus animais, quando acharem-nos na mata, não façam nada porque eles cuidam de mim.
Os gêmeos eram chamados de animais das onças. Quando já estavam sustentando a onça, ela disse que não fossem para esse lado, pois se vocês forem chegarão ao lugar dos pássaros que falam. O irmão menor disse: - porque ela fala isso?
Ai então disse para seu irmão menor: - depois de você ver vai saber. Eu não vou contar nada para você. Depois saíram novamente para caçar passarinhos, para sair disse para o seu menor vamos de novo por onde a gente matava sempre, foram novamente por onde sempre iam e seu irmão menor dizia para onde fica o lugar dos pássaros que falam. O irmão maior disse:- vamos por aqui. E chegaram num coqueiral muito bonito e disse: - mas é tão bonito. Que coisas são essas? – são coqueiros, respondeu o mais velho. Foram seguindo na mata e, quando chegaram, voou um jacu. O mais velho disse ao irmão: - este é um jacu. Neste momento, o pássaro falou: - você anda querendo fornecer alimento a quem comeu a sua mãe. Faça a vingança. Quando o jacu disse isso, os gêmeos abaixaram o arco.
Depois disso, os irmãos ficaram em silêncio. Não disseram nada um ao outro e foram andando. Quando estavam passando, voou outro pássaro, o papagaio (parakáu). O mais velho disse: - é o papagaio, meu irmão. Quando iam atirar, o papagaio falou: - você está querendo alimentar quem matou sua mãe, faça sua vingança, disse para o irmão menor. Quando o papagaio falou isso, ele perguntou: - como vou fazer a minha vingança?
REFERÊNCIAS E FONTES:
SOUZA, Andreza, GALHEGO, Wilson. Jasy ha pa’ikuara. Assis: UNESP, 2000 (1970). p. 139-140.
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