O mito dos gêmeos narrado pela kaiowa Andreza Souza conta a sua versão de como os irmãos Sol e Lua seguiram os conselhos do Papagaio para vingar a morte da mãe, devorada pelos antepassados das onças.

Os gêmeos mostraram para a velha onça (jagwa jaripe) a guavira que estavam levando. Das seis frutas que tinham levado, fizeram um monte e colocaram meio da sala na casa das onças. As onças primitivas comeram, gostaram muito e pediram mais. Perguntaram aos dois de tinha vindo aquela fruta madura.

Os gêmeos disseram que tinha vindo do outro lado da água e que as onças teriam de cruzar o rio para colher as frutas.

- É uma água muito grande? Perguntaram as onças.

- Não é muito grande, é uma água bem pequena que temos de atravessar, responderam os gêmeos.

Vamos amanhã bem cedo, de madrugada. As onças estavam bem ansiosas para colher mais guavira e queriam que amanhecesse logo. Deixaram todas as coisas que tinham de levar arrumadas e levantaram bem cedo para ir ao campo das guaviras.

Os gêmeos disseram:

- Cada onça levou sua vasilha para carregar a própria guavira. As onças levaram cesto, purungo e mynaku. Disse para seu irmão: - Nós vamos primeiro. Falaram para as onças: - Nós vamos primeiro e atrás de nós vocês. A velha onça ficou e os gêmeos disseram para ela: - Na próxima você vai também.

As onças e os gêmeos foram e chegaram à pequena água, chamaram o riacho de pequeno. Logo que os meninos chegaram colocaram suas flechas sobre o riacho formando uma pinguela, quando chegaram disseram às onças: - Nós vamos passar na frente e depois vocês. E os gêmeos passaram a ponte.

As guaviras estavam bem amarelas do outro lado do rio e onças queriam muito as frutas. As onças juntaram-se na margem do rio e disseram: - Podemos passar?

- Podem vir, mas venham devagar com cuidado.

Quanto mais as onças andavam, mais a água estendia e as onças disseram:

- Não vamos conseguir passar o rio.

- Tenham paciência, disse o Sol.

As onças esperaram no meio das águas, não podeiam voltar para trás nem ir para frente. Os gêmeos já estavam do outro lado chupando guavira e as onças estavam com muita pressa, pois queriam chupar guavira.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

SOUZA, Andreza. Terra Indígena. Ano XV, n. 82, out. 2000. Assis (SP): CEIMAM, 2000.

 

NOTAS:

  1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O texto tem objetivo educacional, é de caráter ficcional e tem formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
  4. METADADOS: jagwa jaripe, guavira, kwarahy.
  5. IMAGEM: GUARANI E KAIOWÁ, Professores e alunos. Fichas de Leitura. Caarapó, MS: Ação Saberes Indígenas na Escola, MEC, Ed. UFGD, 2019.

 

Tags: guavira, jagwa, jaripe, kwarahy.

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