As histórias do Camisa Pará são mais que mitos e causos, mas modelos narrativos de realidades percebidas que devoram e enfraquecem os semelhantes. O Jaguaretê representa a força que devora o semelhante e também a proteção dos perigos.
O professor Jorge Sanches, da etnia Guarani, de Dourados, MS, Brasil, após muito relutar, aceita contar um fato sobre a vida da onça. Ele contou que o Jaguaretê encontrou seu compadre na mata, o cachorro, e estava roendo um osso, kangue. A onça perguntou: - o que está fazendo, compadre ? - Estou terminando de almoçar uma onça que acabei de matar, respondeu o Jaguá. A onça, sempre ágil, disse que tinha uma reunião na sua aldeia e saiu bem rápido dali. O macaco, Ka’i, que presenciara a conversa do alto de uma árvore, seguiu a onça para entregar a mentira do cachorro e firmar uma parceria.
A delação do Jaguá pelo Ka’i enfureceu o Jaguaretê que voltou imediatamente para se vingar e devorar o compadre. Como estavam longe, o macaco pediu uma carona nas costas da onça e foi levado por ela.
Quando já estavam chegando onde estava o cachorro, este os viu e compreendeu a traição do macaco, mas fingiu que não tinha percebido e continuou roendo seu kangue. No momento em que a onça e o macaco estavam bem próximos, o cachorro rosnou: - Mas aquele macaco mentiroso está demorando a voltar. Disse que traria outra onça para mim e até agora nada !
No mesmo instante, a onça deu um salto e disparou para bem longe de seu compadre. Dai em diante tornou-se inimiga do macaco e passou a persegui-lo.
REFERÊNCIAS E FONTES:
Colmán, Narcizo R. Ñande Ypy Kuéra. San Lorenzo: Imprenta y Editorial Guarani, 1937.
JORGE, Misael. Jaguaretê. Dourados: Terra Indígena Panambizinho, 2019;
MACHADO, João. Jaguaretê Avá. Aldeia Bororó: Relato oral, 2014.
SANCHES, Jorge. Jaguaretê Avá. Dourados: Relato oral, 2019.
NOTAS:
Tags: Camisa, Jaguarete, Para, Pará, Po, Rymba, Sa, Sayju, Xipoka’y, Ñande
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