Na história da América indígena, não podemos esquecer dos aztecas, o povo de Aztlan, uma cultura multi-étnica que floresceu entre 1300 e 1521 na região central do México atual.
Eram falantes da língua nahuatl e controlaram grandes extensões territoriais entre os séculos XIV e XVI, constituindo cidades-estado, altepetl, muitas das quais aglutinaram-se em confederações.
Uma destas confederações de três cidades foi estabelecida em 1427: Tenochtitlan, Texcoco e Tlacopan. O termo asteca refere-se aos mexicas de Tenochtitlan, sendo utilizado para descrever outras comunidades falantes da língua náuatles do México pré-hispânico e colonial (1521-1821). A cidade de Tenochtitlan foi fundada em 13 de março de 1325.
As características culturais astecas indicam uma civilização mesoamericana mais ampla que império asteca, pois não eram exclusivas deste povo. Huitzlopochtli, traduzido por Beija-flor do Sul, era o deus-guerreiro símbolo da cidade de Tenochtitlán, capital da confederação asteca.
O cultivo do milho era central entre os astecas, sendo até hoje a base da culinária mexicana. A sociedade era estratificada entre nobreza e súditos com um panteão numeroso como, por exemplo, A Serpente Emplumada ou Gêmeo Precioso, Quetzalcoatl, divindade criadora difundida por toda a mesoamérica desde o período clássico desde 400 a.C. e associada ao vento e ao planeta Vênus.
Embora os homens fossem maioria no panteão macho asteca, a lua era a deusa da noite, Tlazoltéotl. Protegia as mulheres grávidas e as parteiras. Controlava a viagem das sementes às plantas, pois era a deusa da amor, fecundidade e luxúria. Como Eva, recaiu sobre ela a culpa pela perdição dos homens, pois segundo as lendas as mulheres que nasciam em seu dia estavam condenadas ao prazer. Quando a terra tremia, todos diziam que era ela se manifestando.
A cidade de Tenochtitlan foi fundada em ilhas do lago Texcoco, no Vale do México, formando o núcleo de um império tributário de três cidades expansionistas. O auge político coincidiu com a chegada de Hernán Cortês em 1519. Como foi possível conquistar um império comercial e militar tão poderoso? Cortes aliou-se com os inimigos dos astecas levando à queda de Tenochtitlán em 13 de agosto de 1521 com a captura de Cuauhtemoc e a fundação da Cidade do México. A conquista se estendeu para o sul, mas nunca se completou até pelo menos o século XVIII. As fontes históricas para estes eventos estão em vários códices e foram narradas também pelos cronistas Bernal Díaz de Castillo, soldado, e Bernardino de Sahagún, frade franciscano.
A organização social urbana era complexa. O termo Altépetl refere-se à organização política asteca sob a forma de cidade-estado e centro religioso identitário. A palavra significa montanha de água. Cada centro administrativo tinha um governante, tlatoani, com autoridade nobres e súditos. Estes se assentavam em pequenos assentamentos, calpolli, ao redor da capital com moradores falantes de diversas línguas. A propriedade era coletiva e organizada mais em função de senhorio, o tecutli, que por por um território. As relações eram estabelecidas conforme o parentesco e as alianças por casamento. A extensão de uma cidade era grande chegando até a 100 quilômetros com população média de 10 a 15 mil habitantes.
Tenochtitlan estabeleceu um padrão de urbanismo mesoamericano pré-hispânico que comportaria cerca de 100 mil moradores. A conquista da América, empreendimento combinado entre propagação da fé cristã e saque das riquezas nativas, inundou a Europa de recursos, nascendo assim o mito do Eldorado. Cortes apresentou à corte espanhola os tesouros de Montezuma e Pizarro levou à Sevilha o quarto lotado de ouro e prata obtido pelo resgate do inca Atahualpa antes de entrangulá-lo. A prosperidade que parecia não ter fim acabou quando as Antilhas deixaram de pagar os tributos por uma simples razão: a população indígena, produtora da riqueza, foi toda ela sacrificada no trabalho escravo das minas. Cortes, acreditando que a fortuna favorecia aos usados, deixou um vale de ossos secos atrás de si.
REFERÊNCIAS E FONTES:
DÍAZ DE CASTILLO, Bernal. História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha. 1568.
Sahagún, Bernardino. Historia general de las cosas de la Nueva España. 1946.
IMAGENS: Bandeira Azteca.
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