O Mito dos Gêmeos é uma história indígena que narra a caminhada épica de dois irmãos, Kuarahy Rendy e Jasy, da terra, onde o corpo da mãe foi devorado pelas onças, até a morada celeste dos pais, quando se tornaram o Sol e a Lua como os conhecemos hoje.
A última parada dos gêmeos antes de chegar à morada dos pais, foi na casa das cutias. Assim foi naquele tempo, até chegar onde estava a mãe dele. No fim ele foi e chegou à casa da Cutia, onde viviam os antepassados delas. Assim que o Sol chegou à casa das Cutias já perguntou: - o que vocês estão fazendo, meus amigos?
As cutias, gente muito festeira, gritaram: Hipu! Vamos chegar, meu amigo, venham almoçar um milho sapecado com a gente! O Sol aceitou o convite, mas sabia que as Cutias roubaram aquele milho.
As Cutias iam buscar milho na roça e traziam batata, mandioca e amontoavam na casa. Ofereceram os alimentos assados para o Sol almoçar. Ele abençoou e depois comeu. Depois de satisfeito, perguntou às Cutias: - de onde vocês trouxeram todos estes alimentos? Aqui pertinho há uma grande roça, kokuê rusu. Dali é que eu trago as coisas. Vocês me levam até lá, pediu o Sol, pois acho que pode ser a roça do nosso avô, Nhande Ramõi.
As cutias levaram o Sol pelo caminho por onde andava o dono da roça. É aqui a roça, meu amigo. Nós vamos ficar por aqui e o caminho por anda caminha o dono da roça é aquele. Pa’i Kuará não fez nada às Cutias. Seguiu seu caminho e andou bastante até chegar à casa das Corujas, Yrukure’a. Hipu, gritou a Coruja. Ainda está vivo, meu amigo, vamos chegando! Vamos almoçar, disse a Coruja. Ela estava comendo grilo sapecado, kyju moimbe.
- Não quer comer da minha comida, Paî? Disse Yrukure’a. Não, eu não como destes alimentos, disse o Sol, mas abençoou o alimento das Corujas. De onde trouxe estas coisas, Paî? Bem ali tem uma casa, onde cada vez que vou buscar comer, alguém lá dentro fala assim: - já vem de novo esta coruja feia de cabeça suja, de olhos grandes me visitar, mas o filho que eu queria tanto ver nunca chega. Talvez seja a minha mãe, disse o Sol. Vamos ver, convidou a Coruja.
A tardezinha o Sol seguiu para a casa onde a Coruja pescava grilos. Lá chegando, a Coruja disse, espera aqui, ko’apy che ra’arõ he’i. Ao chegar perto da casa, a mulher disse de novo: ou jevyma yrukure’a re’a mo’ã vai, aky’a vai juru rê vai che memby che remi exanga’u minhaê ndoguahéi, koty onhe’ê.
Neste momento, Pa’í Kuará falou: abre a porta, minha mãe, Nhande Sy. Sou eu, seu filho. Neste momento, a mãe, Há’i, gritou, abriu a porta e o filho mais velho, Pa’i Kuará foi entrando. Lá dentro também estava Nhande Ru, deitado na sua rede, mas ainda estava zangado com Pa’i Kuará, pois pensava que fosse filho de Nhanderu Mba’ekuaá. Quando Há’i disse, chegou seu filho, Nhande Ru, a quem chamamos de Nhande Ramói Papa, virou para o outro lado.
A mãe armou uma rede para o Sol descansar e trouxe um cachimbo, petingua, para esfumaçar, omotimbota, Pa’i Kuará. Estás muito cansado meu filho, vou esfumaçar você. Ela trouxe uma vasilha também e chorou tanto que se as lágrimas caíssem fora da vasilha inundariam toda a terra. Há’i ficou ali esfumaçando seu filho com o cachimbo.
Depois de descansar bastante, Pa’i Kuará voltou à terra. Quando ele voltou, seu irmão Jasy tinha sido morto pelo diabo, anhay. Upe ouvo katu há’e, tyvyra jasype ojuka anhay.
REFERÊNCIAS E FONTES:
AQUINO, João. Mito dos Gêmeos. Tradução de Aniceto Ribeiro. Compilado por Wilson Galhego Garcia. Araçatuba: Faculdade de Odontologia, 1975.
Garcia, Wilson Galhego; Ribeiro, Aniceto. Cinco versões dos mitos dos gêmeos entre os Kaiová, Terra Indígena, n. 82: 11-201. out 2000.
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