A kaiowa Andreza Souza narra, na sua versão dos Mito dos Gêmeos, que as onças estavam apuradas para chupar guavira, mas ainda estavam no meio da água e o rio se alargava à medida que caminhavam sobre a ponte de flechas.
Aquele que seria o antepassado das onças de hoje não foi bem no meio, ficou na beirada da ponte. Est onça primitiva estava grávida. A lua disse para o seu irmão:
- Já chegou a hora deles chegarem?
- Ainda não, respondeu o Sol.
Para o irmão menor, parecia que as onças já iam passar onde estavam as guaviras e ficou preocupado. O sol, vendo a preocupação do irmão, disse:
- Vou fazer o seu desejo, irmão.
Quando tiraram as flechas, as onças foram todas para dentro da água e se afogaram todas. Somente uma, aquela que originou todas as onças de hoje, conseguiu sair.
O irmão menor perguntou:
- O que será desta onça que saiu correndo?
Assim como atendi sua palavra, ela também será falada por todos os povos. Jasy, o irmão menor, perguntou novamente, mas o Sol disse que não contaria ainda. Os irmãos chuparam guavira calmamente e depois colocaram novamente as flechas sobre o rio para voltar.
Após cruzar o rio envontraram a onça mulher que havia escapado.
- O que estás vendo, amigo, perguntou o Sol.
- Eu estava voltando, disse a mulher.
Quando disse isso, o Sol brilhou diante dela, transformou-a em onça e disse para todas as onças:
- Aumentem em toda a terra como onças e nas águas serão bichos da água, ypóry.
Depois de dizer isto, o irmão menor perguntou:
- Aquela mulher que saiu correndo era onça?
- Sim, disse o Sol.
- Então aqueles que caíram na água, são os bichos da água? Perguntou a Lua.
- Eles serão chamados bichos da água, respondeu o Sol.
Os dois foram andando pela beirada do rio. Quando iam beirando o rio, a lua perguntou quando ouviu o barulho pelas águas:
- O que é isso, Ke’y?
- Isso é um lobo.
Continuaram andando e ouviram um ronco (okorõrõ). Jasy, assutado, perguntou: - O que é isso, Ke’y?
- Aipo va’e ko nhagarũ, he’i Kwarahy.
REFERÊNCIAS E FONTES:
SOUZA, Andreza. Terra Indígena. Ano XV, n. 82, out. 2000. Assis (SP): CEIMAM, 2000.
NOTAS:
Tags: dos, gêmeos, jaguarete., mito, ypóry
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