O Jaguarete é um tema recorrente entre os Guarani e Kaiowá, mas não com este nome, pois o Po Pará, como é apelidado, sabe quando estão falando dele e costuma ser vingativo.
O estudante kaiowá Abrisio Pero, da Aldeia Panambizinho, contou uma história sobre o Xipoka’y que ocorreu com um caçador de sua aldeia.
Um homem foi caçar (omarika), mas não conseguiu nada o dia todo e resolveu voltar para casa. Quando retornava pela trilha na mata, percebeu que estava sendo seguido. O jovem caçador pensou consigo mesmo: se algum bicho ou homem estiver me seguindo, será tudo ou nada, terei de mata-lo para me salvar. Vou encarar.
O caçador parava de caminhar e o barulho também parava, andava novamente e o perseguidor voltava a caminhar escondido. Já estava escurecendo e o jovem parou, encheu-se de coragem e disse:
- Saia de onde está, seja homem e me encare frente a frente !
Neste instante uma onça saltou na trilha, veio direto sobre o rapaz e derrubou-o no chão. Seu facão, o arco e as flechas caíram no chão e o caçador não tinha mais nenhuma arma para se defender. A onça estava sobre o jovem, mas este conseguiu levantar-se segurando as duas patas dianteiras da onça.
Os dois começaram a dançar e assim passaram a noite inteira até amanhecer o dia. A onça tentava de todo jeito morder o seu rosto, mas ele desviava, segurava as patas da onça e rodopiava para lá e para cá. Assim passaram a noite toda.
Ao amanhecer, a onça e o rapaz estavam cansados do baile. O caçador teve uma ideia, pois viu um toco coberto por folhas. Empurrou a onça sobre o toco e soltou suas patas. O Xipoka’y deu um grito bem alto, esqueceu da briga com o rapaz e nunca mais quis encontrá-lo.
REFERÊNCIAS E FONTES:
PEDRO, Abrisio. Xipoka’y. Dourados (MS): Teko Arandu, 2019.
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