Ao longo de 40 mil anos, em território atualmente brasileiro, os povos indígenas desenvolveram mitos, línguas e conhecimentos sobre plantas medicinais, frutas e animais que lhes permitiram sobreviver e interpretar a realidade de modo eficaz.

Uma das grandes interpretações e narrativas pedagógicas em língua guarani é o Mito dos Gêmeos. O kaiowá João Aquino narrou assim a Wilson Galhego que a mãe deste Sol (Pa’i Kwara) e Luz (Jasy), porque lua e irmão do Sol. E eles eram de Deus mesmo. E eles já estavam prontos para subir aos Céus, mas este homem, seu pai, tinha duas esposas, uma mais jovem e outra mais velha.

Perguntou à mulher mais velha para saber de quem ela engravidou. A mulher mais velha respondeu para ele:

- Esta criança que tenho é sua mesmo.

Depois perguntou para a mulher mais nova e esta não gostou porque o Nhanderu perguntou primeiro à mulher mais velha. Perguntou da criança que carregava e ela respondeu:

- Esta criança que tenho não é sua, é de outro Deus. Disse isso porque estava brava.

Nhanderu achou ruim e começou uma viagem sozinho pelos ares. Dentro de três dias, a mulher lembrou dele e pensou em segui-lo, seguir o seu marido. O Sol ainda estava no ventre de sua mãe, mas sua mãe confiava que ele a guiaria pelo caminho do seu pai.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

AQUINO, João. Mito dos Gêmeos. Terra Indígena. Araraquara: UNESP, 2000.

 

NOTAS:

  1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem objetivo educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
  4. METADADOS: ñanderu, pa’i kwara, jasy.
  5. IMAGEM: PEDRO, Marildo da Silva. Jaguarete. Dourados (MS): Ação Saberes Indígenas na Escola, 2019.

Tags: jasy., kwara, pa’i, ñanderu

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