A CAMINHADA DOS GÊMEOS

[neimar machado de sousa]

Os mitos não são histórias fictícias e estão relacionados a fatos sociais atribuidores de sentido à realidade. São narrativas plurais, públicas e eivadas pela oralidade. Todas as culturas tem seu heróis míticos e narrativas épicas.

Foi Andreza Souza, indígena Kaiowá de Amambai, narrou a Wilson Galhego uma versão do mito dos gêmeos.

Durante a caminhada para reencontrar o marido, a mãe, quando não sabia qual o caminho a seguir, perguntava por onde havia ido, cada vez que precidava saber perguntava para ele (Sol) novamente por onde e por aqui dizia ela, indicava o caminho para sua mãe seguir. Depois chegaram a uma encruzilhada do caminho, quando chegou ali a mãe disse por onde perguntam novamente pra ele por aqui disse ele depois que ficou triste por causa de uma flor amarela. Quando estavam chegando numa encruzilhada disse para a mãe dele tirar um brinquedo para mim, disse o futuro o futuro sol à sua mãe. A mãe respondeu que somente depois de nascer e que teremos brinquedos e já estiverem andando.

Esta negação entristeceu Pa’ikwara. Quando a mãe dele perguntou novamente por onde deveria seguir, o filho indicou o caminho das onças. Levou-a na casa das onças, quando chegaram encontraram só a velha. Encontrou somente a velha, chegou alguém disse a velha cobrindo-a com grande vasilha. Deixou nossa mãe debaixo da grande vasilha. Depois quando já era bem tarde, essas onças foram caçar e não trouxeram nada não caçaram nenhum bicho. Quando chegaram entraram no quarto e cheiraram. E daí onde está, onde está diziam para a velha. Eu que não saí para caçar achei carne, disse para eles a velha onça.

Depois andaram cheirando, e achou debaixo da grande vasilha, quando encontraram bateram na cabeça, tem filhote, disseram as onças depois que já tinham matado a mulher.

Tem filhotes diziam, é verdade disse a velha. Jogou-a no fogo sapecando, depois partiram para tirar o filhote. Aqui está o filhote para você comer com sua farinha, disseram para a velha.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

SOUZA, Andreza, GALHEGO, Wilson. Jasy ha pa’ikuara. Assis: UNESP, 2000 (1970).

 

NOTAS:

1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: [e-mail]
2. O artigo tem objetivo educacional e formato adaptado às mídias sociais.
3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
4. METADADOS: Nhumbairé.
5. IMAGEM: GUARANI E KAIOWÁ, Acadêmicos. Os gêmeos. Dourados (MS): Teko Arandu, 2019.