A AVÓ DO SOL E A TRISTEZA DE PA’I KWARÁ
As histórias relacionadas no Mito do Gêmeos são familiares, regionais e enriquecidas em sua diversidade conforme o narrador. Uma destas versões foi contada em 1970 por Rosalina Medina, uma anciã kaiowá nascida na região de Panambizinho, Dourados, MS.
A anciã Rosalina Medina conta que aprendeu a dançar, Jeroky, e a contar as histórias de seu povo com o pai, um homem que dançou a vida toda como se fosse ver a Deus. O nhanderu kaiowá Japirusé, grande xamã, iria revelar o seu nome religioso quando criança, mas ele morreu antes de revelar.
Rosalina conta que os meninos já falavam quando ainda eram bem pequenos e viviam dentro da bolsa de sua mãe. Antes deles nascerem, o seu pai, nhanderu, morreu. No final da vida o pai chamou a mãe e disse: - quanto eu estiver passando mal, não fique triste por mim. A mãe, porém, não resistiu à tristeza e chorou quando o espírito Angwéry começou a deixar seu marido no momento de seu enterro.
Logo depois de enterrado, o marido saiu novamente, mas na forma de espírito e sombra, chamada de Angwery. E assim Nhane Ramõi Papá, o marido da mãe dos gêmeos, foi embora e se elevou. Nhandesy ficou viúva sobre a terra. Depois disso que Nhande Ramõi estava no céu, yvágapy, Nhandesy Nhande Ramõi Papá mandou chamou a mãe e os meninos para que o acompanhasse. Pa’i Kwará e Jasy ainda estavam no ventre de sua mãe e disseram: - por que não o seguimos? E assim o fizeram.
Nesta viagem, Nhandesy ouviu os conselhos de sua sogra, levou sua própria vasilha e conversava com os meninos enquanto ainda estavam no seu ventre. Naquele tempo, segundo Rosalina Medina, os antigos não tinham malas, mas carregavam as suas coisas num mba’eryrupê de purungo (hy’akwa). Antes de chegarem até Nhane Ramõi Papá, viu uma flor bem amarela, yvoty sa’yju, no campo que se chamava Pa’ikwará Nhemoyrõ. O menino pediu para sua mãe colher uma flor daquelas para ele brincar e a mãe tirou duas flores para ele. Depois disso perguntou onde estava o seu pai e o menino contou para ela, mesmo estando em seu ventre.
O menino mais velho pediu outra flor à sua mãe, mas desta vez o marimbondo amareclo ferrou a mão de sua mãe. Quando isto aconteceu a mãe lhe disse: vocês terão brinquedos somente depois de nascerem. E então Pa’ikwara entristeceu-se. Ha upea rehe nte Pa’i kwara onhemoyrõ.
REFERÊNCIAS E FONTES:
AQUINO, João. Mito dos Gêmeos. Tradução de Aniceto Ribeiro. Compilado por Wilson Galhego Garcia. Araçatuba: Faculdade de Odontologia, 1975.
DURAN, Luzia. Yryru Ymãguare. Paranhos: Tekoha Potrero Guasu, 2018;
NOTAS:
Tags: Jeroky, mba’eryrupê, onhemoyrõ, sa’yju, yvoty, yvágapy
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