Após descansar na casa de sua mãe, Ha’i, o Sol, Kuarahy, retornou à terra onde estavam os ossos de seu irmão, Jasy, que foi devorado pelo Anhã. Lá, ficou pedindo ajuda de alguém que pudesse trazer-lhe os ossos do irmão, mas ninguém conseguia.

Muitos animais tentaram ajudar Kuarahy, mas nenhum deles conseguia trazer os ossos de Jasy. Foi então que chegou o antepassado dos Cupim, Kupi’i, e perguntou ao Sol: - Mba’e ere Pa’î? O que está fazendo, meu amigo? Estou pedindo ajuda para recuperar os ossos de meu irmão. O Cupim disse: - seu for com minha cesta, ajaka, pelo meu caminho, consigo trazer os ossos para você.

- Se tiver coragem, vá buscar os ossos do meu irmão para mim, disse o Sol.

- Vou trazer os ossos de seu irmão na minha cesta, repetiu o Cupim.

- Traga todos os ossos do meu irmão, pediu Kuarahy.

Enquanto o Cupim ia descendo pelo caminho dele para buscar os ossos do irmão, o Sol teceu um fio bem comprido de Caraguatá para reconstruir o corpo da Lua por fases. Assim que o Cupim chegou com os ossos do irmão, o Sol enfiou o fio de caraguatá nos ossos do irmão, um a um foi montando o esqueleto que ia crescendo. Disse para o Cupim sentar e que não olhasse para ele. Depois virou-se para os ossos do irmão e brilhou duas vezes e logo levantou uma criança bem bonita. Seu irmão levantou e estava bem magrinho, pois era só osso. Depois disso deu banho no irmão e o vestiu. Disse o Sol: - vamos meu irmão.

Dizem que entre a morte da lua, pescada e devorada pelo Anhay, e a reconstrução do seu corpo por Kuarahy, quando Jasy se ergueu, passaram-se 28 dias.

Quando caminhavam juntos, foi a vez do Sol cair na armadilha do Anhã, o diabo, e ficou preso nela. Tire esta armadilha de mim, disse o Sol, e não me bata, pois o diabo trazia uma vara comprida, yvyra puku, para bater no Pa’i Kuará.

Eu vou te dar a minha irmã em casamento, disse Pa’í Kuará. Então o diabo retirou-o da armadilha, Anhay nhuhã, e foi para casa esperando que o Sol trouxesse a noiva no dia seguinte.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

Garcia, Wilson Galhego; Ribeiro, Aniceto. Cinco versões dos mitos dos gêmeos entre os Kaiová, Terra Indígena, n. 82: 11-201. out 2000.

NOTAS:

  1. Pesquisa e organização: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação pela UFSCar e pesquisador na FAIND/UFGD. Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem finalidade educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue a forma das fontes consultadas.
  4. Metadados: pa’i kuará, jasy, kupim, yvyra puku, Anhay nhuhã. IMAGEM: EMI Pa’i Chiquito Pedro. Koêju. Dourados: ASIE, 2018;

 

Tags: Anhay, cupim, jasy, kuará, kupi’i, nhuhã, pa’i, puku, yvyra

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