Apu Inti, ou simplesmente Inti, era o nome do deus Sol dos antigos incas. Chamado "Servo de Wiracocha", exercia a soberania no plano divino. Seu intermediário era o Imperador Inca, chamado "Filho de Inti", reinava sobre os homens.

Inti era a divindade mais importante para os incas: era adorado em muitos santuários, recebendo oferendas de ouro, prata e as chamadas "virgens do Sol", que o serviam. Os incas realizavam sacrifícios a ele, acreditando estar satisfazendo-o. Possuía um grande templo nos arredores de Cusco, capital do Império Inca, onde as múmias dos imperadores incas eram guardadas, e cujas muralhas eram feitas de ouro, que os incas acreditavam ser o suor do sol.

A festa do sol, Inti Raymi na língua quéchua, era celebrada em 24 de junho de cada ano, no solstício de inverno nos Andes, época em que os dias voltam a crescer continuamente até 25 de dezembro, aproximadamente. Esta cerimônia era realizada na fortaleza de Sacsayhuamán, falcão satisfeito, a dois quilômetros da capital do Império Inca, Cusco, umbigo em quéchua, centro do mundo. Num império tão frio, o Sol era a divindade mais importante e marcava que chegava a hora de preparar a terra e as sementes para o plantio.

A cerimônia foi proibida em 1572 pelo vice-rei espanhol, Francisco de Toledo, por ser considerada pagã e contrária à fé cristã. Somente em 1944, a cerimônia passou a ser estudada nos escritos em língua quéchua e novamente celebrada.

O solstício de inverno no hemisfério sul é quando a Terra se encontra no ponto de sua órbita mais distante do Sol, começava o ano novo incaico, evento associado ao próprio surgimento da etnia inca e conhecido como Temity Ára, entre os Guarani. O cronista Garcilaso de la Vega nos diz que esta era a principal festa e para ela acorriam "los curacas (chefes tribais), señores de vasallos, de todo el imperio (...) con sus mayores galas y invenciones que podían haber".

A preparação era severa, pois nos anteriores "tres dias no comían sino un poco de maíz blanco, crudo, y unas pocas de yerbas que llaman chúcam y agua simple. En todo este tiempo no encendían fuego en toda la ciudad y se abstenían de dormir con sus mujeres". Para a cerimônia em si, as sacerdotisas do Sol preparavam pãezinhos de milho.

Segundo a história inca, o criador supremo do mundo era Wiracocha. Ele criou os homens do barro e os colocou em cavernas, de onde eles saíram para o mundo exterior.

Ele também criou os irmãos sol, lua e estrelas no lago Titicaca, onde moravam em ilhas e indicavam a origem dos antepassados dos incas. O Sol é o provedor da luz e do calor que permite o crescimento das plantas. Foi o Sol quem enviou seus filhos Manco Cápac e sua filha Mama-Ocllo (deusa da Lua, da fertilidade, do casamento e das mulheres) para iluminar uma Terra caótica e escura. Manco Cápac e Mama-Ocllo eram casados. Eles ergueram-se das águas do lago Titicaca e partiram em viagem, buscando um lugar para estabelecer seu reino.

Numa colina, próxima ao vale do rio Huatanay, Manco, o filho do Sol, revirou a terra com seu cajado, encontrou solo fértil, onde só havia pedras, e chamou o local de Cusco ("umbigo do mundo"). A cidade se tornou o centro do poder, da religião e da cultura inca, Manco Cápac se tornou rei e ensinou todas as artes para os homens.

 

REFERÊNCIAS E FONTES:

WILKINSON, P. O Livro Ilustrado da Mitologia. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2002.

NOTAS:

  1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
  2. O artigo tem objetivo educacional e formato adaptado às mídias sociais.
  3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
  4. Metadados: Apu Inti, Sol, Inca. IMAGEM: Panteão mitologia asteca.

Tags: Inca, Inti, Sol

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